Redação – 14.12.2023 – Além das chuvas, outro problema foi econômico, já que o endividamento das famílias brasileiras ainda segue alto
As condições climáticas extremas com altas temperaturas e chuvas acima da média e seca em algumas regiões brasileiras, somado ao ambiente macroeconômico instável, afetaram a indústria brasileira do cimento. As vendas em novembro totalizaram 5,3 milhões de toneladas, uma queda de 1,7% em relação ao mesmo mês do ano passado, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC).
No acumulado do ano (janeiro a novembro), os números também foram negativos alcançando 57,5 milhões de toneladas, uma queda de 1,8% comparado ao mesmo período do ano passado. Segundo o SNIC, o resultado é desanimador, pois novembro é um mês tradicionalmente forte em vendas para o setor.
Em relação ao despacho de cimento por dia útil em novembro verificou-se um aumento de 4,4% comparado a outubro e de queda de 1,3% sobre o mesmo mês de 2022, com 238,6 mil toneladas comercializadas, influenciados pelos feriados no período.
A combinação de taxa de juros elevada e endividamento que atingiu 76,6% das famílias brasileiras, como mostram dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC), apesar da leve queda nos últimos meses, impactaram negativamente o consumo das famílias. Por consequência, as vendas de materiais de construção no varejo vêm apresentando retração acumulada de 2,4% até outubro, segundo a Abramat.
A confiança do consumidor, medida pela FGV, teve leve recuo em novembro e se acomodou após a forte queda de outubro. No entanto, entre as faixas de renda, as percepções caminham em lados opostos. Enquanto a classe mais baixa está mais pessimista, a classe média mostra recuperação e a classe alta apresenta estabilidade. Essas diferenças estão relacionadas a maior dificuldade financeira e em relação ao emprego.
Reflexo desse cenário, aliado a uma lenta recuperação da renda da população, os lançamentos e financiamentos imobiliários vêm apresentando queda. O índice de confiança do setor da construção, também medido pela FGV, acomodou num patamar de pessimismo moderado, entretanto de forma heterogênea entre os segmentos.
Na Infraestrutura, há um certo otimismo, principalmente de obras viárias. Por outro lado, a confiança das Edificações piorou pelo terceiro mês seguido. Mesmo com o lançamento do Programa Minha Casa Minha Vida, o ambiente de negócios não evoluiu como esperado e a demanda continua insuficiente.
Para reverter esse desempenho será necessário ampliar os investimentos na construção civil, diz o SNIC, já sinalizado pelo governo para 2024, no desenvolvimento urbano e de infraestrutura. Desta forma, a entidade considera que é imprescindível impulsionar os programas habitacionais. Outro ponto de estímulo ao setor seria a inclusão do pavimento de concreto como opção nas licitações de ruas e rodovias.