Com deficit de 6,2 milhões de moradias, Brasil precisa de R$ 961 bilhões em investimentos

Dados foram expostos pelo presidente da CBIC durante a abertura do 98º Encontro Nacional da Indústria da Construção

Por Redação

em 4 de Abril de 2024
Divulgação: Ministério das Cidades.

Renato Correa, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), afirmou que o Brasil precisa de R$ 961 bilhões de investimentos em construção de imóveis se quiser acabar com o deficit de 6,2 milhões de moradias. A fala ecoou durante a abertura do 98º Encontro Nacional da Indústria da Construção, que ocorre esta semana durante a Feicon 2024, realizada em São Paulo.

Ele ainda afirmou que é papel do poder público ser indutor do investimento, já que o maior volume do deficit está concentrado em famílias de baixa renda. Cerca de 75% do deficit atual, quase cinco milhões de moradias, estão concentrados na faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida (MCMV), que considera famílias com renda até R$ 2.640,00. Segundo a CBIC, o valor médio das habitações para esta faixa de renda é de R$ 135 mil, o que mostra a importância dos programas governamentais, como disse Correa.

Os dados fazem parte de um estudo da CBIC com informações capturadas em 2022 e mostram um aumento de 5% no deficit em comparação com 2019, se levado em conta a apuração de uma outra pesquisa da Fundação João Pinheiro. Para os próximos 10 anos, o estudo da CBIC mostrou que a demanda por novas habitações deve chegar a mais 6,5 milhões de novas moradias, dobrando a necessidade dos brasileiros.

Ainda na abertura do 98º ENIC, o ministro das Cidades, Jader Filho, prometeu o liberar o financiamento de 550 mil unidades do MCMV em 2024, ampliando o programa na região Norte. O ministro ainda comentou que vai ampliar os prazos do programa com o Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), dando mais 150 dias para as cidades que iniciarem o chamamento público até dia 22 de abril.

Por fim, Francisco Macena, secretário executivo do Ministério do Trabalho e Emprego, destacou o papel do FGTS para financiar a construção de imóveis e fez críticas a opções que corroem o fundo, como o saque-aniversário. “Tiraram R$ 100 bilhões do caixa do fundo que poderiam ser revertidos para um investimento do trabalhador”, disse ele.

Estudo da CBIC

Segundo o levantamento da CBIC, o volume de recursos anunciado para o MCMV no período de 2023 a 2026, somado às contrapartidas, é de R$ 394 bilhões, apresentando um gargalo de mais de R$ 567 bilhões para alcançar o investimento necessário para suprir o deficit atual de moradias. Em 2023, o investimento em moradias chegou a R$ 213 milhões, segundo Correa.

A CBIC defende que, se o Brasil investisse os R$ 961 bilhões necessários, o PIB da construção subiria em R$ 444 bilhões e elevaria a arrecadação de tributos em mais de R$ 507 bilhões, considerando os efeitos diretos, indiretos e induzidos. Seriam criados mais de 4,4 milhões de novos postos de trabalho na construção e mais de 12,5 milhões de novos empregos na economia, considerando outras atividades impactadas pelo crescimento da construção.

O estudo ainda apontou a perda de participação da construção na taxa de investimento do País nos últimos anos, mantendo-se inferior à média mundial. De acordo com o levantamento, houve um pico de investimentos em 2013 e um recuo a partir de 2014. Em 2022, a taxa média de aplicação no setor da América Latina e Caribe era de 20,4%. No Brasil, a taxa chegou somente 17,8% de investimento.