Canteiros inteligentes: Como o monitoramento de imagens e IA estão revolucionando a construção civil

Bruno Gouvea* – 16.04.2024 –

A indústria da construção civil é frequentemente vista como um setor tradicional, ancorado em métodos e práticas que permaneceram relativamente inalterados ao longo dos anos. No entanto, nos bastidores dessa aparente estagnação, está ocorrendo uma revolução silenciosa, impulsionada pelo avanço tecnológico. O monitoramento de imagens e a Inteligência Artificial (IA) emergiram como catalisadores dessa transformação, moldando um novo panorama para a construção civil.

Segundo um estudo da Accenture, empresa multinacional de consultoria de gestão, tecnologia da informação e outsourcing, o lucro das empresas da construção civil pode aumentar em até 71% até 2050, a partir do investimento em inteligência artificial. Não se trata apenas de ferramentas para aprimorar os processos existentes na construção civil, são também agentes de mudança que estão redefinindo fundamentalmente a maneira como concebemos, planejamos e executamos projetos de construção. Ao combinar dados visuais detalhados com algoritmos inteligentes, essas tecnologias oferecem insights e possibilidades que antes eram inimagináveis.

Um dos benefícios mais tangíveis é a melhoria da segurança. A análise em tempo real de imagens de canteiros de obras, por exemplo, permite a detecção precoce de potenciais riscos e condições perigosas, protegendo a integridade dos trabalhadores. Essa capacidade de identificar e mitigar ameaças à segurança não apenas salva vidas, mas também reduz custos associados a acidentes e interrupções no cronograma.

Dados da ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), apontam que ao longo do ano de 2023, a indústria da construção civil e da incorporação imobiliária gastou, mensalmente, para cada funcionário próprio do setor, cerca de R$ 190 em equipamentos de proteção individual para garantir a segurança dos 71.405 trabalhadores da construção, totalizando um montante anual de cerca de R$ 163 milhões.

À medida que avançamos para um futuro cada vez mais digitalizado, é essencial reconhecer o potencial transformador desses agentes de mudança na construção civil. No entanto, também devemos abordar cuidadosamente questões éticas e práticas relacionadas à privacidade, segurança de dados e equidade no acesso e uso dessas tecnologias.

Por fim, para que essa revolução seja verdadeiramente transformadora, é necessário um compromisso coletivo com a adoção responsável e ética dessas tecnologias, garantindo que todos os envolvidos se beneficiem de seus avanços. O futuro da construção civil está se desdobrando diante de nós, e é nosso dever abraçar essa evolução com entusiasmo e responsabilidade.

*Bruno Gouvea é COO da Monuv, um software de video-monitoramento (VMS) que torna centrais de segurança mais eficientes aplicando inteligência artificial “as a service”.