América Latina é rica em água, mas índice de saneamento é baixo

Redação – 06.05.2024 – Países como Bolívia e Peru enfrentam desafios tanto na distribuição de água quanto na gestão de resíduos, enquanto Brasil tenta usar tecnologia para combater desigualdade social

Representantes da Associação Interamericana de Engenharia Sanitária e Ambiental (AIDIS) de diversos países relataram os problemas de saneamento e de gestão de recursos sólidos de suas nações e sugeriram soluções para alcançar índices mais sustentáveis durante a Feira Internacional para Água, Esgoto, Drenagem e Soluções em Recuperação de Resíduos (IFAT Brasil), que aconteceu em abril em São Paulo.

O presidente da Associação Boliviana de Engenharia Sanitária e Ambiental (APIS) da Bolívia, Ronald Baldivieso, relatou que, embora o país participe das três maiores bacias aquíferas da América Latina, possui um déficit anual de água que afeta 14% da população urbana e 41% da população rural, além de ser um dos países com menor capacidade de armazenamento de água do continente, com graves problemas de distribuição equitativa de água entre as regiões do país.

O saneamento básico da Bolívia também é problemático. Nas áreas urbanas, apenas 71% da população tem acesso a água e esgoto, enquanto na área rural o índice é ainda pior: apenas 45% dos habitantes contam com saneamento básico. Segundo ele, a estimativa é de que o país atinja 77% dos habitantes da zona urbana e 53% da zona rural em 2025.

Já o diretor da divisão técnica de resíduos sólidos (DIRSA) APIS Peru, Marcos Alegre Chang, apresentou um panorama dos resíduos sólidos na América Latina. Segundo dados da Avaliação Regional de Fluxo de Materiais e Resíduos Sólidos Municipais para a América Latina (EVAL) de 2021, cerca de 46% do lixo é depositado em aterros sanitários.

No Brasil, tecnologia tenta sanar problemas

O Brasil também tem desafios para combater, como o fato de 50 milhões de pessoas não receberem água todos os dias em casa, segundo o Instituto Trata Brasil. As pessoas que mais sofrem com essa situação de vulnerabilidade são jovens com menos de 20 anos, autodeclarados pretos, pardos e indígenas. A renda familiar é de até R$ 2.400,00, com baixa escolaridade, vivendo em casas que foram construídas de forma precária.

A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (MG) realizou um trabalho para diminuir a situação de vulnerabilidade no estado, que incluiu uma série de iniciativas, desde governança corporativa com líderes de comunidades, passando por capacitação de jovens e informações sobre a importância dos recursos hídricos em escolas.

Já a Tigre mostrou que a inovação pode contribuir para melhorar a situação em locais de grande vulnerabilidade, sendo a descentralização o caminho. Nesse sentido, a disrupção do modelo de atendimento é importante, pois um modelo multifamiliar, por exemplo, pode reduzir custos operacionais. A empresa conta com uma tecnologia que possibilitou o atendimento de mais de 30 residências com um custo menor e promovendo a recuperação de córregos na região.