Menos de um terço dos municípios mapeiam áreas de risco de inundação

Redação – 20.05.2024 – Cidades brasileiras não têm se preparado para eventos climáticos com obras de prevenção a fim de evitar transtornos e até tragédias Segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), coletados em 2023 e referentes a 2022, apenas 30,2% dos municípios brasileiros fazem um mapeamento de áreas de risco de […]

Por Redação

em 20 de Maio de 2024
Redação – 20.05.2024 – Cidades brasileiras não têm se preparado para eventos climáticos com obras de prevenção a fim de evitar transtornos e até tragédias

Segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), coletados em 2023 e referentes a 2022, apenas 30,2% dos municípios brasileiros fazem um mapeamento de áreas de risco de inundação. Para piorar, apenas 16,8% possuem um plano diretor de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais (DMAPU), ou seja, têm uma estratégia em caso de inundações.

Com isso, 4,3% dos domicílios no Brasil estão sujeitos a risco de inundações, sendo que 522 milhões de pessoas já foram, em algum momento de suas vidas, desalojadas ou desabrigadas por causa de eventos hidrológicos impactantes. A pesquisa do SNIS abordou 4,8 mil municípios, que são responsáveis por 86,8% da população urbana do País.

Os números refletem a necessidade de se dar mais atenção à drenagem, atividade que compõe as medidas de saneamento básico e são essenciais para reduzir o risco de inundação. Planejamento e obras nessa área são fundamentais para prevenir a ocorrência de enchentes, como as que atingiram o Rio Grande do Sul. Exemplos de obras de prevenção, consideradas essenciais por especialista, se encontram as canalizações de córregos e rios, construção de galerias de águas pluviais e reservatórios de retenção. Outra opção é criar áreas reservadas para ocupação dos cursos d’água nos momentos de enchente.

A Telar Engenharia, que já realizou obras desse tipo em São Paulo, como as canalizações dos córregos Pirajuçara, Antonico, Aricanduva, Jaguaré, Saracura (sob Av. Nove de Julho) e Tiquatira, destaca a importância dessas obras, principalmente devio a frequência com que as cidades brasileiras têm sido atingidas por fenômenos climáticos extremos.

Isso exige que a engenharia nacional reveja parâmetros tradicionais dos projetos das estruturas para drenagem e controle de enchentes, recomenda a construtora. Com o aumento expressivo dos volumes pluviométricos, as constantes históricas precisam ser reavaliadas, assim como os períodos de retorno das chuvas para dimensionamento das obras de engenharia, que exigem correção urgente, na visão da empresa, a fim de evitar o risco de inundação.

Tragédia no RS mostra falhas de projeto e manutenção

Segundo reportagem do jornal Zero Hora, a falta de manutenção e problemas de projeto resultaram no maior desastre climático de Porto Alegre (RS). De acordo com Fernando Fan, professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o máximo que o sistema conseguiu fazer foi retardar as cheias do rios que banham a cidade e não protegê-la como era previsto.

Uma outra medida simples teria sido investir em um mecanismo eficiente de vedação no Muro da Mauá, por onde a água do Rio Guaíba ultrapassou a proteção por frestas das comportas até inundar a área protegida. A comporta 14 rompeu com a força da água. Segundo o doutor em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, Fernando Dornelles, a fixação de algum material semelhante à borracha no ponto em que as folhas de metal encontram o batente do Muro da Mauá já ajudaria a evitar esse cenário.

Outros problemas encontrados foram o rompimento do Dique do Sarandi, na Zona Norte, acabou extravasando, que pode ser resultado de um erro de cálculo em sua resistência ou falta de manutenção. As casas de bomba também foram afetadas pois ficaram em baixo d’água, incapazes de operar. No pior momento, apenas quatro das 23 instalações permaneceram operando.