Redação – 12.06.2024 – O Ceará é o primeiro estado a implementar o projeto Sertão Vivo, que busca promover a gestão sustentável da terra em áreas altamente vulneráveis à mudança climática no Nordeste do Brasil
O Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) das Nações Unidas, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Governo do Estado do Ceará lançaram um programa de segurança alimentar chamado Sertão Vivo, a intenção é fortalecer a resiliência climática de mais de 250 mil pessoas em 72 municípios do Estado do Ceará, com um investimento de R$ 252 milhões, e garantir alimentos para a população.
O Ceará é o primeiro estado a implementar o Sertão Vivo, um projeto que permitirá a gestão sustentável da terra no Nordeste do Brasil, em áreas altamente vulneráveis à mudança climática. Originalmente, o projeto deveria ser implementado em quatro estados, com um investimento de R$ 1 bilhão, mas o escopo foi ampliado para nove estados e R$ 1,775 bilhão, chegando a 1,8 milhão de pessoas, priorizando a participação de mulheres, jovens e comunidades tradicionais.
O projeto promoverá a criação de sistemas agroflorestais integrados que aumentem a fertilidade do solo e o conteúdo de carbono; e promoverá práticas de coleta, armazenamento e uso de água que sustentem as plantações e a pecuária para resistirem a padrões irregulares de chuva e secas prolongadas. Essas atividades evitarão a emissão de 11 milhões de toneladas métricas de poluição por dióxido de carbono na atmosfera.
Momento crítico para alimentação
O Sertão Vivo chega em um momento crítico para a segurança alimentar no Brasil. De acordo com a Rede PENSSAN, uma rede acadêmica brasileira, mais da metade da população do país experimentou insegurança alimentar em algum momento de 2022; um número que chegou a 63% entre a população rural. Nas regiões Norte e Nordeste, quatro em cada dez famílias disseram estar preocupadas com o acesso a alimentos em curto prazo e com a qualidade dos alimentos disponíveis. De acordo com a pesquisa, 2,4 milhões de pessoas passam fome no Ceará.
O financiamento conjunto do FIDA, do Fundo Verde para o Clima (GCF), do BNDES e do próprio estado também construirá ou restaurará infraestruturas de pequena escala, como cisternas, que provaram funcionar bem durante décadas de projetos apoiados pelo FIDA na região Nordeste.
Para o FIDA, a iniciativa representa um novo modelo operacional, combinando financiamento em larga escala de diversas fontes com investimentos focados no meio ambiente e na mudança climática como forma de reduzir a pobreza rural.
O FIDA vem investindo no Brasil desde 1980 com o objetivo de aumentar a renda dos pequenos agricultores, fortalecer as cooperativas, promover o desenvolvimento de grupos e cultivar novos mercados para a agricultura familiar e produtos sociobiodiversos. Até o momento, 13 projetos foram implementados com um investimento total de US$ 1,18 bilhão, dos quais US$ 297 milhões foram financiados pelo FIDA para apoiar 615.400 famílias.