70% dos minerais da transição energética estão em risco climático

Redação – 14.06.2024 – Mais de 70% da produção de cobre, cobalto e lítio poderão enfrentar risco relativo à seca significativo ou grave até 2050, em um cenário de emissões elevadas

O relatório “Risco climático de nove commodities: protegendo pessoas e prosperidade”, da PwC, mostra que a crise climática põe em risco a produção de minerais necessários para a transição energética. Mesmo que haja uma regressão nas emissões globais de carbono rapidamente, mais de 70% da produção mundial de cobalto e lítio estarão em risco até 2050.

O risco aparece por conta da falta de água para realizar os processos produtivos dessas matérias-primas, fundamentais no desenvolvimento de baterias. Menos de 10% da produção de cobre enfrenta hoje um risco de seca avaliado como significativo ou maior, que deve aumentar para mais de 50%, em um cenário de baixas emissões até 2050, e mais de 70%, em um cenário de emissões elevadas.

A PwC explica que a água é essencial em muitos processos de mineração, desde a extração até o processamento e a limpeza de minérios. A escassez de água pode levar a interrupções na produção ou aumentar os custos de operação, pois as empresas podem precisar investir em sistemas de conservação de água ou transportar água de fontes distantes

A falta de água poderá afetar também cerca de 60% da produção mundial de bauxita e ferro. Em um cenário de emissões elevadas até 2050, 40% da produção mundial de zinco poderá enfrentar um risco relativo à seca significativo ou maior (para comparar, o risco significativo atual é zero). O alumínio (da bauxita), o ferro e o zinco são amplamente utilizados em manufatura, transporte e infraestrutura.

Gerenciamento de risco

É importante ressaltar que esses riscos podem ser gerenciados – e 47% dos CEOs ouvidos pela PwC dizem que já estão concentrados em proteger dos riscos climáticos suas forças de trabalho e ativos físicos. No entanto, a consultoria diz ser necessário fazer mais para que a economia global se adapte ao risco climático e as recomendações são:

  • Aumentar a resiliência por meio da da identificação e gestão de riscos em toda a cadeia de abastecimento;
  • Capitalizar as oportunidades para fornecer produtos, serviços ou modelos de negócios que ajudem as empresas e comunidades a se adaptarem;
  • Unir forças com as partes interessadas, desde governos a comunidades, para moldar resultados colaborativos e melhorar a adaptação a nível político e sistêmico.

Isso é necessário porque, além dos minerais, alimentos também estão em risco. As culturas de trigo, arroz e milho enfrentam riscos crescentes decorrentes do estresse térmico e da seca. Juntas, essas três culturas representam 42% das calorias que as pessoas consomem.

O risco mais generalizado e grave é para o arroz, cerca de 90% da produção enfrentará um risco significativo ou maior relativo ao estresse térmico até 2050, em um cenário de emissões elevadas. Atualmente, mais de 75% do arroz é cultivado em condições de risco térmico significativo ou maior, mostrando que não é apenas o nível de risco que importa, mas também o quão bem os produtores estão preparados para se adaptarem.

Para as demais, cerca de 1% do milho e do trigo enfrentam um risco significativo relativo à seca, aumentando para mais de 30% e 50%, respectivamente, em um cenário de emissões elevadas até 2050.

Sobre a pesquisa

O relatório da “PwC – Riscos climáticos para nove commodities principais” analisou nove commodities cruciais para a economia global e a sua exposição ao risco de seca e estresse térmico. O risco foi categorizado em significativo, alto ou extremo. O risco de estresse térmico é categorizado com base em durações acima dos limites da temperatura global de bulbo úmido WBGT, que reflete o impacto combinado da temperatura e da umidade. O risco de seca é categorizado com base na percentagem de tempo passado em seca severa durante um período de 20 anos.

A exposição das principais minas e fazendas críticas para a produção das nove commodities foi avaliada em relação à seca relacionada ao clima e ao estresse térmico no cenário atual e em dois anos futuros: 2035 e 2050. Para 2050, examinou-se como as exposições ao risco variam dependendo da eficácia com que o mundo reduz as emissões de carbono, comparando cenários de baixas e altas emissões.

Embora a abordagem forneça uma visão útil sobre como diferentes produtos poderão ficar mais expostos a diferentes perigos climáticos no futuro, existe uma série de limitações, que incluem o fato de não estimar potenciais alterações na produção e não ser possível prever ações futuras de adaptação.