Redação – 17.06.2024 – Mapeia Minas, desenvolvido pela Sedese em parceria com SoftwareOne e AWS, monitora riscos de eventos climáticos para proteger comunidades vulneráveis e apoiar a gestão dos municípios
Em uma ação inovadora no Brasil, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Minas Gerais (Sedese), criou um projeto para prevenir desastres naturais e mitigar suas consequência. O programa, nomeado Mapeia Minas, é capaz de monitorar remotamente barragens, enchentes, secas e demais eventos climáticos, integrado a localização de famílias assistidas pelo governo, como pessoas ribeirinhas, em situação de vulnerabilidade ou que vivem em áreas de risco.
Para o seu desenvolvimento, além do governo estadual, foram envolvidos o Ministério Público, o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil do estado, entidades que também atuam em casos de desastres naturais. A Amazon Web Services (AWS) entrou no projeto trazendo créditos em nuvem para a Sedese, enquanto a SoftwareOne despendeu mais de 600 horas de serviço no desenvolvimento da ferramenta de previsão, sem custos para o governo.
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A solução utiliza uma metodologia da AWS chamada Working Backwards (financiada em parceria entre a SoftwareOne e a AWS), que prevê hoje tudo o que pode acontecer no futuro. Usando recursos da nuvem como tratamento de dados e geolocalização, a solução integrou ao sistema os alertas públicos do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), que apontam previsões climáticas como intensidade de chuvas, baixa ou alta umidade, entre outras.
O resultado foi a criação de um MVP (Produto Mínimo Viável) que agora permite à Sedese fazer o georreferenciamento de pessoas registradas no CadÚnico e controlar os dados por meio de dashboards, com o mapa apontando quando há alertas meteorológicos. Na prática, o sistema é capaz de buscar por determinado município e verificar a quantidade e o local onde estão pessoas em situação de risco, de acordo com as previsões meteorológicas, permitindo uma ação preventiva, seja em relação ao planejamento de ações das equipes de defesa civil e assistência social, seja em relação à distribuição de ajuda humanitária.
Cenário
Desde 2020, os problemas relacionados à chuva têm se intensificado em Minas Gerais, agravados pela crise climática e o aquecimento global. De 2021 para 2022, o estado foi afetado por uma quantidade muito grande de chuvas que fez com que metade dos 853 municípios entrassem em situação de emergência ou calamidade, chegando a 70 mil pessoas desabrigadas ou desalojadas.
Diante desse grave panorama, o estado percebeu que não estava totalmente preparado para lidar com o problema e, mais ainda, que não existiam ações de prevenção aos eventos adversos que as chuvas causavam, os quais afetavam principalmente famílias em situação de vulnerabilidade que vivem em regiões de deslizamentos e que dependiam do atendimento socioassistencial após perderem tudo nos desastres naturais.
Nesse cenário, Elder Gabrich, Assessor Especial na Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de Minas Gerais, explica que a política de assistência social não tinha condições de dar uma resposta rápida para as pessoas necessitadas e, muitas vezes, nem recursos e condições financeiras. “Tivemos um 2021 muito atípico que acabou nos demandando novas ações, foi quando começamos a discutir o que poderia ser feito para prevenir que essas famílias fossem atingidas por eventos climáticos de uma maneira tão severa”, conta.
Assim, a Sedese teve a ideia de construir um sistema que gerasse informações sobre as áreas de risco que existem no estado, integrando-as com informações de onde estão localizadas as famílias vulneráveis a fim de precaver os eventos climáticos severos. Como não tinha a estrutura de TI necessária para desenvolver a solução de forma autônoma, a Secretaria buscou então a parceria da AWS e da SoftwareOne para dar andamento ao projeto.
Próximos passos
O MVP do Mapeia Minas já foi entregue pela SoftwareOne à Sedese e o projeto agora segue em andamento. A ideia é que a iniciativa também seja expandida a todos os outros estados que fazem parte do COSUD (Consórcio de Integração Sul e Sudeste), os quais poderão usar a mesma ferramenta.
“Embora estejamos trabalhando com amostras de dados neste primeiro momento, o projeto tem atendido nossas expectativas. Temos recebido um forte apoio da equipe da SoftwareOne para vencer nossos desafios e seguir com o desenvolvimento do sistema”, diz Gabrich.
O especialista complementa ainda que o primeiro grande marco almejado é conseguir fazer uma remessa de informação periódica para os municípios de Minas Gerais já no próximo período chuvoso, que ocorre de outubro a março. “Queremos oferecer informação a respeito das áreas de risco, quais famílias vivem nessa região e o perfil dessas famílias, para que eles conheçam o problema e, com isso, saibam qual o nível de dificuldade para saná-lo em uma situação de enchente, por exemplo”, ressalta Gabrich.