Automação na rede de saneamento reduz vazão noturna da Iguá em quase 50%

João Monteiro – 01.07.2024 – Dispositivos IoT na rede de distribuição monitoram padrão da vazão e conseguem alertar quando anomalias acontecem

A Iguá Saneamento, que detém 16 concessões de serviços de água e esgoto e atende 3 milhões de pessoas, quer se destacar no setor como líder em inovação. A empresa investiu em diversos programas de digitalização e um deles tem dado retorno importante do ponto de vista operacional e de sustentabilidade.

Usando sensores de Internet das Coisas (IoT) em sua rede de distribuição e esgoto em Cuiabá (MT) e Paranaguá (PR), a Iguá consegue monitorar a pressão da vazão da água e determinar se há algum vazamento que fuja do padrão de consumo durante o período noturno. Essa tecnologia, aliada a soluções em nuvem que automatizam o controle da rede e diminuem a pressão de acordo com a necessidade, conseguiu diminuir em quase metade a vazão noturna.

Murillo Borges, diretor de operações da Iguá, explica que a tecnologia consegue apoiar as empresas de saneamento na estratégia de controle de vazamentos. A expectativa do executivo é que esse projeto possa ser replicado em outras operações da companhia, como a do Rio de Janeiro, onde a concessionária também tem iniciativas de digitalização.

Medição inteligente no RJ

Na operação carioca, iniciada em fevereiro de 2022, a Iguá já vem monitorando grandes clientes com hidrômetros inteligentes, uma das obrigações do contrato de concessão. Apesar de só 11% dos consumidores contarem com o recurso, metade do volume de água consumido já é medido digitalmente.

Borges conta que isso ajuda a Iguá a identificar a demanda do dia seguinte e preparar sua operação para atendê-la. Também é possível detectar vazamentos excepcionais em caso de alta considerável do consumo de um dia para o outro, avisando o cliente com muito mais antecedência do que seria possível usando métodos tradicionais de medição, que levariam ao menos um mês até a leitura.

A medição inteligente também agrada o cliente, que tem maior controle sobre seu consumo de água e pode programar alertas quando seu gasto ultrapassar o volume escolhido. Isso é feito pelo aplicativo Digi Iguá, que permite avaliar o gasto diário, consultar faturas e realizar pagamentos dentro do app.

Conectividade é o maior desafio

Uma das dificuldades no uso de IoT é a conectividade. Borges destaca que houve lugares, como a Ilha do Mel em Paranaguá, onde a Iguá teve que criar a própria infraestrutura de rede de Internet móvel para conectar os medidores inteligentes. Nessas operações, a concessionária acaba optando por redes de baixa potência e longo alcance, que são diferentes das utilizadas por smartphones, pois elas consomem menos bateria dos dispositivos e usam menos antenas para se propagar.

A Iguá acaba usando diferentes redes, a depender de onde os medidores estão e da disponibilidade local, por isso tiveram que desenvolver uma plataforma própria para que os dispositivos inteligentes pudessem se conectar independentemente da rede que utilizam. Atualmente, são 25 mil hidrômetros inteligentes, contando todas as operações da concessionária.

A expectativa da Iguá Saneamento é aumentar o uso dos hidrômetros inteligentes de acordo com a demanda do negócio. Segundo Borges, o uso dessa tecnologia ainda é mais rentável em clientes com maior consumo de água, mas o executivo destaca que a maior eficiência da rede de distribuição também ajuda na contenção de custos e possibilita mais investimentos em infraestrutura.