“Provedores focam em otimizar, com seletividade, a rede construída”

Nelson Valencio – 17.07.2024 – Avaliação é de Vander Stephanini, vice-presidente da DPR Telecomunicações, parceria da Nokia na implantação de rede nos provedores. De acordo com o especialista, a seletividade na otimização dos ativos é palavra de ordem nesse mercado. Ele também defende a neutralidade de rede e maior atenção com questões de segurança cibernética. […]

Por Redação

em 17 de Julho de 2024
Vander Stephanini, vice-presidente da DPR Telecomunicações (foto: divulgação).
Nelson Valencio 17.07.2024 –

Avaliação é de Vander Stephanini, vice-presidente da DPR Telecomunicações, parceria da Nokia na implantação de rede nos provedores. De acordo com o especialista, a seletividade na otimização dos ativos é palavra de ordem nesse mercado. Ele também defende a neutralidade de rede e maior atenção com questões de segurança cibernética.

Vander Stephanini, vice-presidente da DPR Telecomunicações (foto: divulgação).

Qual tamanho do mercado de provedores no Brasil?

Quem não gostaria de ter esse número real? Cada um fala um número que acha mais bonito (risos). Temos uma informalidade ainda em cidades menores. Participei de uma iniciativa do BNDES, junto com entidades do setor, para abrir mais linhas de crédito, e houve a dificuldade de ter esse número. A Abrint (entidade do setor) defende que os associados sejam responsáveis e informem os números reais de sua operação para ajudar o setor como um todo. Eu estimo que o segmento tenha entre 10 mil e 20 mil provedores ativos. A DPR trabalha com pouco mais de 1 mil deles.

Qual sua avaliação sobre rede neutra em postes das distribuidoras para uso dos provedores?

Em algum momento será necessário colocar isso em ordem, mas não adianta colocar dificuldades operacionais, porque a tecnologia avança. Conceitualmente, a rede neutra é o caminho para otimizar os meios de infraestrutura e compartilhar, mas o problema é que definir uma empresa neutra para essa oferta. O melhor conceito de rede é que ele possa ser usado de forma neutra e cada provedor use seu marketing para disputar espaço e não se preocupar com a infraestrutura. O mundo caminha para isso e o melhor exemplo são as torres (de celulares). Antes, a estratégia de mercado era ter torres, hoje a infraestrutura é única e o segredo é o que cada operadora disponibiliza e o que disponibiliza para o cliente.

Mas a locação dos postes hoje é uma questão séria…

Sim. Os pequenos provedores pagam muito mais que grandes. Em alguns casos isso inviabiliza a operação, com a cobrança de R$ 17/poste por mês. Eu diria que R$ 5 estaria muito bem pago, lembrando que as grandes operadoras têm pago, em média, R$ 1 real/poste por mês. Há que se ter um nível de justiça e de facilidade. A rede neutra facilitaria isso. A questão não é somente sobre tamanho de provedor, mas sobre quem está regular e paga pelo uso dos postes e de quem está irregular.

A regulação sozinha não resolveria essa questão?

Já cometemos muitos erros no setor. A tecnologia muda a trajetória e gera facilidade, então não adianta criar dificuldades porque a tecnologia vai mudar isso. Um caso comparativo é o do controle de dinheiro (envio para o exterior) via aeroporto. Hoje, a tecnologia mudou tudo, por meio de sistemas eletrônicos de transferência legal.

Falando de otimização de rede nos provedores, o que está sendo aplicado para isso?

Na nossa área, a tecnologia faz com que se tenha uma adequação normal e natural. Somos parceiros da Nokia, que é dona de tecnologias disruptivas para fazer grandes mudanças. O que vemos é desenvolvimento de soluções para consolidar a operação dos provedores, usar menos espaço nos postes, entre outras tendências. Ninguém está mais construindo redes para ampliar instalações, mas sim investindo em ativos para ter uma rede mais segura e inteligente. Antes, quando se tinha uma grande demanda reprimida, muitos não se preocupavam com projeto, mas com a construção de redes, porque tinha um monte de clientes esperando. Podia-se errar que daria certo. Hoje, se errar no projeto de implantação, não se vai ter cliente para pagar o investimento aplicado.

Os aportes mudaram, então?

Os investimentos nessa área agora são muitos mais seletivos, inteligentes e pontuais para atingir áreas especificas, como os bairros em cidades. Ninguém fica construindo na cidade toda, porque concorre com outros provedores. O foco são áreas específicas, onde se identifica uma demanda real. Tudo muito seletivo. Construir rede não é projeto de nenhuma delas, mas sim a oferta de qualidade nos serviços que estão sendo prestados. Os provedores precisam se adequar a tudo aquilo que compraram, o que, nem sempre foi de melhor qualidade, ou feito da melhor maneira. Tem que se ter qualidade para entregar para o cliente, senão vai perdê-lo por não oferecer o que o assinante precisa.

O que isso muda em termos de rede?

O investimento acontece na busca dos equipamentos para entregar qualidade. Os provedores continuam fazendo investimento, mas não é na ampliação da rede e sim na ampliação do que se tem dentro de casa, em tecnologias que entregam qualidade. O investimento é grande para entregar segurança também, porque o nível de proteção precisa ser grande e há um volume considerável de dispositivos de IoT na infraestrutura de telecom. Na avaliação de nossa parceira, Nokia, o que que acontece hoje é a redução da quantidade de elementos na rede e eles são desenhados para atender missões críticas. A pandemia mostrou que internet é tão crítica como fornecimento de energia e de água.