Uma pesquisa da KPMG realizada com 60 executivos do setor brasileiro de infraestrutura mostrou que o principal desafio de iniciativas ESG é a integração com as estratégias de negócios, dificuldade que aflige 55% dos entrevistados. As mudanças regulatórias e novas exigências em relação à sustentabilidade também foram mencionadas por 40%, refletindo a complexidade de se manter atualizado e em conformidade com as normas em constante evolução.
Os executivos do setor sabem a importância do ESG e 53% elencam que os impactos ambientais e sociais são cruciais para a decisão de adotar iniciativas sustentáveis. A capacidade de gerenciar melhor os riscos, reduzindo potenciais impactos financeiros e reputacionais, é destacada por 44%.
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O levantamento também mostra que as principais oportunidades de negócios em infraestrutura geradas pela agenda ESG incluem a redução de riscos financeiros, regulatórios e de reputação (56%) e a atração de investimentos de longo prazo (24%).
A expectativa é de que a transição energética aumente a demanda por investimentos em fontes renováveis de energia e oportunidades em áreas como armazenamento de energia e mobilidade elétrica, ambos com 36% das respostas. Mudanças regulatórias e incentivos governamentais também são elementos críticos para essa transição, conforme destacado por 32% dos participantes
Investimentos e concessões
A pesquisa também apurou as opiniões sobre prioridades de investimento do País e qual é o interesse do setor. A área que mais precisa de investimentos na visão de 49% dos entrevistados é o ferroviário, seguido por rodovias e infraestrutura social, como hospitais e escolas, ambos com 35%.
Para 38%, o maior interesse está em concessões de projetos greenfield, que envolvem a construção de novas obras a partir do zero em regiões não desenvolvidas previamente, oferecendo maior flexibilidade de design e uso de tecnologias modernas nesses projetos. As concessões de ativos existentes (relicitação/devolução) aparecem em segundo lugar, com 34%, destacando o interesse na revitalização ou renegociação de ativos já existentes.
A prioridade estratégica para crescimento está focada na eficiência operacional e os investimentos em infraestrutura verde e soluções de adaptação climática, com 29% e 31% das respostas, respectivamente. O rebalanceamento do portfólio, escolhido por 27%, e o investimento em inovação e tecnologia, apontado por 23%, também se destacam como estratégias importantes, indicando uma atenção significativa à modernização e à sustentabilidade dos projetos.
Desafios e riscos
Entre os desafios que mais afetam o setor de infraestrutura no Brasil, em primeiro lugar, destaca-se a discrepância entre a performance estimada em estudos e o desempenho real dos projetos, apontada por 45% dos respondentes. A segurança regulatória é mencionada por 42%, indicando preocupações com a estabilidade e a previsibilidade das normas que regem o setor.
Em relação aos riscos, 54% dos respondentes apontaram as questões regulatórias como as mais significativas, refletindo uma séria preocupação com a instabilidade e a imprevisibilidade das normas que regem o setor. Em segundo lugar, aparecem os riscos jurídicos, mencionados por 37%, indicando que litígios e inseguranças legais têm um grande potencial de afetar os investimentos.