A área de ferrovias é o segmento de infraestrutura com maior necessidade de investimentos no Brasil, segundo pesquisa da KPMG. Essa avaliação foi feita por um grupo seleto de 60 executivos convidados para o evento Infraestrutura: perspectivas e oportunidades de investimentos, realizado em junho desse ano. Do grupo convidado, 82% ocupam cargos de C-level em suas corporações.
As rodovias e a infraestrutura social, ou seja, a construção de hospitais, escolas e presídios, entre outros, ocupam o segundo lugar na prioridade na área de empresários de infraestrutura. Energia e portos e aeroportos, nessa sequência, fecham a avaliação, indicando que esses setores estariam melhor cobertos do que as outras áreas.
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Em termos de oportunidades de investimentos, as concessões aparecem disparado na dianteira: em primeiro lugar estão os projetos novos (greenfield) e, em segundo, as concessões de ativos recentes. Nesse último caso, os aportes podem acontecer no caso de relicitações ou de devolução das concessões. Os investimentos em cidades inteligentes também estão no ranking, à frente dos processos de fusão e aquisição (M&A).
Riscos para investimentos em infraestrutura
A pesquisa também indicou os maiores desafios para o setor de infraestrutura no país a ordem de importância envolve o desempenho dos projetos em estudo versus o a performance real do empreendimento. Quase empatado com esse fator está a segurança regulatória.
O desbalanceamento da matriz de risco aparece como terceiro fator mais importante de risco, seguido pela inexistência de project finance puro e das dificuldades inerentes de reequilíbrio/repactuação. A dificuldade de obtenção de financiamento, em último lugar, aponta que o acesso a capital não seria o problema maior.
Em um nível mais detalhado, o levantamento indicou que 54% dos executivos apontam as questões regulatórias como os maiores riscos na área de infraestrutura. Os riscos jurídicos estão em segundo lugar, apontados por 37% dos respondentes. Ou seja, os litígios e as inseguranças legais têm um grande potencial de afetar os investimentos.
No rol de riscos listados aparecem ainda os de financiabilidade (indicados por 16%), riscos trabalhistas e de falta de mão de obra (19%).
ESG e transição energética
Outra revelação do levantamento da KPMG envolve as estratégias prioritárias de crescimento para os próximos três anos. O apelo das mudanças climáticas, nesse caso, é forte, pois 31% dos respondentes indicam que a infraestrutura verde e as soluções de adaptações climáticas estão à frente do planejamento.
A eficiência operacional (29%) e o rebalanceamento do porftófio de projetos (27%) aparecem na sequência, seguidos dos investimentos em inovação tecnológica (23%), do aumento de concessões nos próximos 10 anos (21%) e do fortalecimento da governança corporativa e da transparência (21%).
Aliás, a importância da agenda ESG aparece com a priorização da redução dos impactos ambientais e sociais dos projetos de infraestrutura. O melhor gerenciamento de riscos, com redução de potenciais impactos financeiros e reputacionais fica em segundo lugar. Para avançar nessa agenda, os executivos mostraram que o maior desafio é integrar as iniciativas ESG com as estratégias de negócio da empresa.
Outra frente de oportunidades é a transição energética. As oportunidades, nesse caso, envolvem negócios em áreas como armazenamento de energia, redes inteligentes e mobilidade elétrica. A transição também deve impactar no aumento da demanda por fontes de energias renováveis.
Os executivos também indicam que mudanças regulatórias e incentivos governamentais para estimular a transição devem ser considerados com impacto na área de infraestrutura.