Horário de verão não seria solução para crise energética, afirma Equus Capital

Diferentemente do passado, quando as luzes incandescentes das residências eram responsáveis por grande parte do consumo ao anoitecer, atualmente, o grande vilão são os aparelhos de ar condicionado

Por Redação

em 17 de Outubro de 2024

A possibilidade de retorno do horário de verão, que foi discutido pelo governo federal, gera dúvidas sobre sua real eficácia na mitigação da crise energética no Brasil. Pedro Colleta, analista de energia da Equus Capital, alerta que a medida pode não ser suficiente para resolver os desafios enfrentados pelo setor, especialmente com o aumento do consumo de energia em dias mais quentes. “Horário de verão não é solução para crise energética”, afirma.

Ele explica que o sucesso da medida em reduzir a carga dependerá fortemente da intensidade das ondas de calor. Isso porque, no passado, as luzes incandescentes das residências eram responsáveis por grande parte do consumo ao anoitecer, mas atualmente o grande vilão são os aparelhos de ar condicionado, que perdem eficiência quanto maior a temperatura ambiente. “Por isso, apenas o horário de verão não resolverá a crise energética”, afirma Colleta.

A proposta de adiantar os relógios foi discutida nessa quarta-feira (16/10) pelo Ministério de Minas e Energia, que decidiu não adotar a medida este ano. Segundo o governo, o benefício econômico da mudança de horário não justifica a sua adoção, sendo mantido o horário convencional em todo o País. Ao portal UOL, o ministro Alexandre Silveira disse que a segurança energética está garantida e que não há necessidade do horário de verão.

Histórico do horário de verão

O horário de verão foi abolido em 2019, após o governo avaliar que sua contribuição para a economia de energia havia se tornado marginal, especialmente com a mudança do perfil de consumo no país. Agora, com o aumento das temperaturas e a maior pressão sobre o sistema elétrico, sua volta foi novamente considerada como uma tentativa de aliviar a demanda em horários de pico.

Para Colleta, a discussão sobre a eficiência energética deve ir além do ajuste do relógio. “Se a intenção é realmente enfrentar a crise energética, é necessário pensar em outras medidas, como a modernização do parque elétrico, a promoção de fontes alternativas de energia e o incentivo ao uso de tecnologias mais eficientes. O horário de verão pode ajudar, mas não será a solução completa para os desafios do setor”, conclui o analista.

Para o especialista, o debate sobre a volta do horário de verão destaca a complexidade da crise energética no Brasil, que exige soluções integradas e um planejamento robusto para garantir a segurança e a sustentabilidade do fornecimento de energia no País.