Durante painel realizado ontem na Paving Expo 2024, Luiz Guilherme Mello, diretor de Planejamento e Pesquisa do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), disse que o órgão federal trabalha para que o pavimento rígido de concreto alcance 10% das rodovias federais nos próximos anos. A medida seria uma forma de adaptar as estradas ao crescimento do agronegócio, que impulsiona o transporte terrestre e obriga o investimento em manutenção de estradas.
O DNIT, responsável pela gestão dos 73,6 mil quilômetros da malha rodoviária federal, já utiliza pavimento rígido de concreto em 2,5 km de rodovias federais (4,5%). A intenção de ampliar essa proporção nos próximos anos é movida também pela oportunidade: o valor dos insumos do asfalto, como o CAP 50-70 e o diesel (influenciados principalmente pela mudança da gestão de preços da Petrobras), tornou a opção do concreto viável.
“O preço do cimento portland não variou tanto e o valor acabou sendo interessante para investimento, principalmente em termos de custo‐benefício”, disse Mello. De acordo com números do DNIT, o volume de concreto por m³ contratado pelo departamento deve chegar a 2 milhões em 2024.
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O diretor do DNIT também compartilhou números interessantes sobre os projetos contratados. A restauração/CREMA de rodovias ainda é o principal investimento do órgão, que exerce esse tipo de trabalho em 24 mil km de sua malha rodoviária. Mas a adequação de 1,8 mil km de rodovias já ultrapassou o investimento em pavimentação, que chega a 1,5 mil km. A construção de rodovias abrange 992 km, enquanto a duplicação chega a 2,8 mil km, totalizando 34,3 mil quilômetros de rodovias federais com algum processo construtivo.
Balanço de concessões
Quem também participou do painel foi Luciano Lourenço, diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que fez um balanço das concessões realizadas e previstas em 2024. Foram sete leilões de concessão em apenas um ano, totalizando R$ 20 bilhões em investimentos previstos, sendo que dois leilões ainda devem ocorrer este ano.
No total, a ANTT tem 26 contratos de contratos de concessão de rodovias federais que totalizam 14,2 mil km. Para 2025, a previsão são para seis editais de concessão, sendo que os leilões das rodovias paranaenses devem encerrar no próximo ano.
Lourenço também comentou que a agência regulatória tenta se atualizar e lançou mão de iniciativas como o sandbox, que são testes controlados de novas regulações. Foi assim que o pedágio free flow foi testado em rodovias federais, mostrando oportunidades para inovação. Os próximos passos são experimentar soluções de inteligência artificial (IA) para monitoramento inteligente e uso de drones na malha rodoviária.
O free flow também deve ser utilizado nas rodovias estaduais de São Paulo, como disse Santi Ferri, diretor da Artesp, a agência reguladora estadual. A intenção é que essa opção de cobrança seja adotada em todas as novas concessões, enquanto estuda a opção de atualizar as antigas concessões.