A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) lançou a Plataforma Recircula Brasil 2.0, que agora vai atender a jornada do alumínio reciclado. Nesta nova fase, a plataforma vai contar com a parceria com a Associação Brasileira do Alumínio (Abal) para adotar um sistema de rastreabilidade de resíduos a partir de notas fiscais eletrônicas. A ferramenta registra desde a origem até a reinserção da matéria-prima na fabricação de novos produtos.
Primeira plataforma brasileira a certificar efetivamente a circularidade dos materiais, que começou com o plástico, a Recircula Brasil foi reconhecida como modelo de excelência no combate à poluição plástica em documento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente da Organização das Nações Unidas (PNUMA/ONU).
A Recircula Brasil diz que a expansão “reforça o compromisso da plataforma com a economia circular e a circularidade de recursos em diferentes indústrias, alinhando-se diretamente às metas da política industrial brasileira”. O programa já está iniciando conversas com outros setores produtivos para ampliar o escopo do Recircula Brasil.
Desde o início da fase piloto, o Recircula Brasil já verificou mais de 20 mil toneladas de resíduos plásticos rastreados na indústria nacional. A partir do lançamento dessa nova fase, a expectativa é atingir índices muito maiores, já que, no país, o mercado de reciclagem é composto por 1,6 mil empresas que se dedicam somente à reciclagem de materiais plásticos.
Oportunidade para o setor do alumínio
Segundo dados do anuário da Abal, em 2023, das 1.484 mil toneladas de produtos de alumínio consumido no Brasil, cerca de 57,3% vieram da reciclagem, o equivalente a 850 mil toneladas. A presidente da Abal, Janaína Donas, destaca a importância da plataforma. Segundo ela, apesar do alto índice de reciclagem de latas de alumínio no Brasil – acima de 95% – o processo de rastreabilidade esbarra na informalidade das empresas.
“A gente precisa endereçar a questão da informalidade e a rastreabilidade ajuda não só a trazer a transparência ao processo, a parte de compliance, mas a combater o greenwashing. Também será um instrumento de certificação dos produtos de acordo com o seu grau de reciclabilidade e também de conteúdo reciclado”, disse.
Para Rodrigo Rollemberg, secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a plataforma será um instrumento importante para medir a circularidade das empresas que pretendem receber o Selo Verde, uma certificação para produtos, serviços e empresas que produzem de forma sustentável no Brasil.
“Não há forma mais rápida e mais eficiente de descarbonizar setores industriais do que a circularidade, a reutilização de produtos. Isso é muito importante para o alumínio, para o aço, para a indústria plástica, para todo o setor industrial. Você substitui matérias-primas virgens por matérias-primas que já foram utilizadas e, com isso, reduzindo as emissões de carbono”.
Sobre a plataforma Recircula Brasil
A plataforma funciona com o uso de notas fiscais eletrônicas que registram o percurso dos resíduos desde a compra do material até a venda dos produtos finais, monitorando, assim, todo o percurso dos resíduos reciclados. Com essas informações, o sistema atesta a origem dos materiais e confirma que o produto contém plástico reciclado, garantindo transparência e confiabilidade.