Redação – 03.11.2023 – Setor assiste ampliação das possibilidades do uso desse tipo de tecnologia, mas caminho ainda é longo, explica CEO da Inovatech
De acordo com estudo divulgado este ano pela Deloitte, 64% das empresas de construção apresentaram ganhos de eficiência depois do emprego de novas tecnologias. A Inteligência Artificial ganha espaço inclusive nesse setor oferecendo redução de custos, melhor eficiência, produtividade, segurança, qualidade, entre outros predicados.
Para o especialista Luiz Henrique Ferreira, engenheiro e CEO da Inovatech, o maior uso de ferramentas digitais no processo da construção ainda está nos primeiros passos em relação à IA no Brasil. Ele diz que tem visto seu uso nas áreas comerciais e de vendas dos empreendimentos e em iniciativas muito isoladas, mas com boas perspectivas de IA ser a próxima disrupção de mercado.
“Em obras e manutenção de edifícios, por exemplo, entendo que ainda temos um mar de oportunidades em gestão, planejamento e execução de tarefas operacionais repetitivas, deixando os seres humanos livres para fazerem o que sabem melhor, que é o diálogo, a mão de obra e a integração na cadeia produtiva da construção”, diz.
Entre tantos aspectos positivos, existem, claro, alguns pontos vistos com cautela. Para o CEO, o equilíbrio entre máquina e capital humano é um dos principais. “Tratamos de edificações e empreendimentos que podem colocar em risco a vida de pessoas. Enquanto a tecnologia avança como aliada, a responsabilidade técnica deve ser inteiramente dos profissionais.”
Para ilustrar, Ferreira traz o exemplo do uso do ChatGPT, algo em evidência nos últimos meses. “Minha experiência mostra que o diálogo com os robôs precisa de cuidado para que as respostas sejam coerentes. Se o comando for enviesado, certamente a resposta será equivocada, com risco de consequências graves”, completa.
Aplicações, desafios e oportunidades
Como Ferreira disse, a tecnologia tem sido mais usada no varejo da construção, principalmente no e-commerce. Já nos canteiros, algumas dessas soluções já impulsionam segurança e eficiência, por exemplo: robôs para tarefas consideradas perigosas, reduzindo acidentes; sistemas de manutenção inteligentes, que podem melhorar a eficiência energética, por exemplo, de um canteiro, complexo ou condomínio; além da melhoria da segurança, com identificação e monitoramento de supostos riscos nas obras.
No campo das oportunidades, o uso de IA aliado ao Building Information Modeling (BIM) levará a assertividade, agilidade e qualidade dos projetos a patamares ainda mais elevados. Os recursos ainda facilitarão a identificação de padrões e ajudarão a evitar erros, além de permitirem uma atuação mais integrada e estratégica dos profissionais, como os engenheiros calculistas, por exemplo, com a otimização de volume de materiais utilizados em uma obra ou avaliação de tubulações.
Por outro lado, existem questões que limitam a escala dessas tecnologias na prática de mercado. O valor de investimento e a integração com outros sistemas já utilizados estão entre elas. Contudo, uma que merece bastante atenção no ponto em que estamos, segundo o engenheiro Luiz, é a qualificação da mão de obra. “Sem dúvida, formar ou desenvolver profissionais para que tenham espírito crítico e consigam analisar com responsabilidade os resultados gerados por IA é um desafio grande e importante.”
A tecnologia no setor da construção civil, com destaque para a Inteligência Artificial, será um dos temas de debate da FEICON, feira a ser realizada em abril do ano que vem em São Paulo. A Inovatech irá oferecer algumas capacitações sobre o tema no Núcleo de Conteúdo – Construção na FEICON 2024.