A Sondagem da Construção do FGV IBRE apurada em junho de 2024 mostrou que 71,2% das empresas da construção tiveram dificuldades em contratar trabalhadores qualificados nos últimos 12 meses, sendo que 39% relataram muita dificuldade.
É a primeira vez, desde junho de 2021, que a escassez de mão de obras especializada supera a falta de demanda como fator limitativo aos negócios do setor na pesquisa do FGV IBRE. Naquela época, apenas 10,7% das empresas tinham problemas com a escassez de mão de obra qualificada, enquanto 35,9% das empresas culpavam a falta de demanda pelo mau momento do mercado.
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Sondagem da construção, Fatores limitativos, em % de assinalações, mm3. Fonte: FGV IBRE.
Os segmentos de serviços especializados, mais intensivos em mão de obra, são os mais afetados pela escassez, especialmente aqueles que estão na fase final do ciclo produtivo – as empresas de Obras de Instalações e de Infraestrutura para Engenharia Elétrica e para Telecom estão com os maiores percentuais de “Muita Dificuldade”, com 54,7% e 46,7%, respectivamente.
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Nos últimos 12 meses, a empresa teve dificuldade em contratar trabalhadores qualificados? Fonte: FGV IBRE
A pesquisa destaca que a dificuldade com a falta de trabalhador ainda não se mostra uma grande ameaça ao andamento das obras, mas as empresas já tem agido para mitigar o problema. A maioria tem investido em qualificação de pessoas e deslocamento de trabalhadores entre obras e/ou regiões do país vem em seguida. A escassez de mão de obra não tem feito as empresas mudarem para processos construtivos industrializados, que poderiam reduzir a necessidade de pessoal nos canteiros, bem como não diminuiu o ritmo das obras na maioria delas.
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Quais as ações que a empresa está adotando para superá-las? (Permite mais de uma resposta.) Fonte: FGV IBRE
Dificuldade de contratar aumenta remuneração na construção
O aumento da remuneração foi outra ação bastante assinalada pelas empresas para tentar resolver a questão. O componente mão de obra do INCC-DI acumula alta de 7,26% nos seis primeiros meses do ano. Em algumas capitais, como Belo Horizonte (MG), São Paulo e Recife (PE), as taxas estão ainda mais elevadas, mas em todas a evolução do custo da mão de obra superou o IPCA no mesmo período.
A pesquisa de emprego com carteira (Caged) apontou que, nos primeiros cinco meses do ano, o saldo líquido de contratação está 7% superior ao do mesmo período do ano passado. O ritmo de alta do estoque tem diminuído: nos últimos meses, a infraestrutura tem reduzido mais fortemente o ritmo de crescimento, o que pode estar relacionado ao fim do ciclo de obras ligadas às eleições, mas a reconstrução pós-desastre climático do Rio Grande do Sul deve voltar a demandar mais pessoal nesse segmento.