Brasil é o quinto maior mercado de comercialização de energia renovável

O relatório reforça que o Brasil é um dos líderes globais em geração de energia renovável, com cerca de 70% da eletricidade proveniente de fontes renováveis

Por Redação

em 13 de Dezembro de 2024

Relatório da Schneider Electric sobre o mercado brasileiro de Power Purchase Agreements (PPAs) indica que o Brasil ocupa a quinta posição entre os maiores nichos do setor no mundo e proporciona um ambiente favorável para a comercialização de energia renovável. PPAs são contratos de longo prazo para que empresas adquiram energia diretamente de desenvolvedores de novos projetos de energia renovável, ou seja, o mercado livre de energia.

Com foco em fontes renováveis e a prioridade pela sustentabilidade, os contratos permitem que empresas adquiram recursos solares ou eólicos diretamente de usinas de geração, dispondo de vantagens como estabilidade de preços, descontos tarifários, certificados de energia renovável internacionalmente reconhecidos (I-RECs) e, em alguns casos, incentivos fiscais.

O documento indica que a demanda por essas soluções continuará crescendo, impulsionada por alterações regulatórias, tendências globais e compromissos corporativos, como a RE100 – iniciativa global que reúne companhias comprometidas em operar exclusivamente com fontes ecológicas. Os principais setores que têm aderido aos PPAs no país incluem data centers e indústrias eletrointensivas.

Brasil se destaca

O relatório reforça que o Brasil é um dos líderes globais em geração de energia renovável, com cerca de 70% da eletricidade proveniente de fontes hidrelétricas e um crescimento expressivo na capacidade de geração eólica e solar. O país apresenta mais de 13 GW de capacidade instalada em usinas eólicas e solares comissionadas após 2009, o que o torna uma base importante para a geração de I-RECs compatíveis com os critérios globais, como os do RE100.

Em 2023, o Brasil registrou um aumento significativo na procura por I-RECs, passando de 8,5 TWh para 13,9 TWh no primeiro trimestre de 2023, um crescimento de 63% em relação ao ano anterior. No entanto, apesar do volume expressivo de energia renovável, apenas 46% dos I-RECs gerados no Brasil atendem aos novos critérios do RE100 (usinas com até 15 anos de operação), o que ainda é relevante em um contexto global de alta demanda por energia certificada.

Tendências em comercialização de energia renovável

Crescimento da demanda por energias renováveis: Empresas com metas de descarbonização estão pressionadas a alcançar 100% de uso de energia limpa, o que impulsiona a demanda por I-RECs e, consequentemente, PPAs. A BloombergNEF projeta uma necessidade de 295,6 TWh de energia renovável até 2030 apenas para os membros do RE100. Já o mercado brasileiro registra um crescimento consistente no fechamento de PPAs corporativos e na autoprodução de energia (APE), impulsionado por incentivos fiscais e benefícios regulatórios.

Volatilidade no mercado de energia: Fenômenos como o El Niño estão gerando instabilidade nos preços de curto prazo, que oscilaram de R$110 a R$ 200/MWh em 2024. No caso de países que dependem de hidrelétricas, como o Brasil, a escassez hídrica obrigou o acionamento de usinas térmicas, afetando diretamente os custos de geração. Os PPAs surgem como uma solução para empresas protegerem seus custos de energia a longo prazo, reduzindo a exposição a flutuações.

Avanço da Autoprodução de Energia (APE): As modalidades de APE, como equiparação e arrendamento, estão ganhando força no Brasil devido aos benefícios tarifários, redução de encargos setoriais e possibilidade de obtenção de dividendos. Empresas que optam por APE conseguem eliminar alguns custos e a Lei nº 14.120/2021, aliada à MP nº 1.212/2024, tem incentivado projetos de usinas renováveis, com extensões de prazos para início de operação.

Diretrizes RE100: A partir de 2024, o RE100 passou a aceitar apenas certificados de energia renovável de usinas com menos de 15 anos, o que pressionou o mercado a investir em novas capacidades de geração. Como no Brasil iniciativas de energia solar e eólica são recentes, esses empreendimentos são beneficiados com essa nova diretriz. No entanto, a geração hidrelétrica acaba perdendo espaço, justamente pelo período de tempo em que as usinas foram criadas. O relatório aponta que a disponibilidade de I-RECs compatíveis no País foi reduzida em 54% com a nova diretriz.

Redução de incentivos tarifários: Com a gradual redução do desconto na TUSD, a atratividade dos PPAs tradicionais pode diminuir, incentivando empresas a buscarem alternativas como a autoprodução para maximizar benefícios financeiros.