Calor do Brasil apresenta desafios para gestão do asfalto aeroportuário

Falta de metodologia própria na implantação e gestão do asfalto aeroportuário dificulta a previsibilidade da vida útil do pavimento

Por Redação

em 24 de Outubro de 2024
Foto: Dircom/Prefeitura Municipal de Barreiras

A variação de temperatura entre as diferentes regiões do Brasil se tornou um desafio para as gestoras de aeroportos na hora de garantir a qualidade do asfalto das pistas de pouso e decolagem. As variações na temperatura do asfalto aeroportuário são significativas, com o Aeroporto de Congonhas (São Paulo) tendo uma média acima de 30º C e Santos Dumont (Rio de Janeiro) registrando 40º C. O aeroporto de Ji-Paraná (RO) já chegou a 56,8 Cº de máxima em uma medição, como foi apresentado durante painel realizado ontem (23/10) na Paving Expo 2024.

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A temperatura influencia não só na manutenção do asfalto, mas também na produção da massa asfáltica. Como explicou Felipe Hernandes, professor e mestre da FEI, explicou que o software FAARFIELD, usado para dimensionamento de pavimentos aeroportuários nos Estados Unidos e referência no Brasil, considera uma variável de 32º C para a mistura.

Como a média no Santos Dumont é maior que a estipulada, isso acaba afetando a vida útil do pavimento, que acaba tendo uma confiabilidade de 20%, enquanto o de Congonhas, por exemplo, alcança 95%.

Brasil não tem metodologia para asfalto aeroportuário

Hernandes disse que isso acontece porque o Brasil não tem método próprio para dimensionamento de pavimentos aeroportuários. Sem isso, as gestoras de aeroportos precisam enxugar gelo recuperando pavimentos em áreas com temperaturas elevadas e tendo que lidar com atrasos em voos.

Cláudia Azevedo, professora e doutora do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), lembrou que os aeroportos precisam ter um controle muito maior no asfalto aeroportuário. O uso de RAP, por exemplo, não é permitido por não tem segurança o bastante. Ela também defende a busca por um método mais adequado para as condições climáticas brasileiras, de forma que seja possível dar mais previsibilidade às estruturas do pavimento.

Enquanto a academia brasileira não encontra uma metodologia adequada, a indústria encontrou uma forma de controlar a qualidade do asfalto adicionando polímeros à mistura asfáltica. Rafael Lopes Martins, executivo de Vendas e Desenvolvimento de Mercado da Kraton, apresentou o HIMA, um aditivo que traz memória plástica ao asfalto, permitindo que ele se expanda com o calor e depois retorne ao seu formato original.

Essa tecnologia já é usada na pista do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre (RS), e no Aeroporto Pinto Martins, em Fortaleza (CE). A taxyway do Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), também adotou o polímero.