A malha rodoviária gerenciada pelo Departamento de Estradas e Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) está passando por um momento crítico, conforme anunciou Henrique Pereira, diretor de Planejamento, Engenharia e Inovação do DER-MG, em um painel realizado na Paving Expo 2024 nesta semana. Segundo ele, cerca de 40% dos 19,3 mil quilômetros de rodovias sob responsabilidade do departamento se encontram com qualidade regular e devem cair para ruim em até quatro anos se não forem recuperadas.
Estudo feito a pedido do DER-MG revela que parte relevante das rodovias em situação regular ultrapassou 75% de sua vida útil de dez anos. A situação pode se tornar caótica, pois outros 20% das rodovias gerenciadas pelo DER-MG se encontram no estágio ruim, o que coloca o departamento contra a parede.
O receio revelado por Pereira é que não dê tempo para recuperar 3,8 mil km de rodovias ruins antes que o regular perca ainda mais de sua qualidade.
Além disso, o custo da intervenção sobe conforme a deterioração aumenta, ou seja: é preciso investir o quanto antes para que a obra não fique ainda mais cara. “Precisa ter um mix de atuação para que não se torne um colapso”, resume o diretor.
Plano de ação do DER-MG
O custo total para recuperação das rodovias estaduais é de R$ 8,5 bilhões, enquanto o orçamento anual do órgão público é de R$ 1,2 bilhão. Sabendo disso, o planejamento é dividir as intervenções ao longo dos anos e priorizar pontos mais críticos, como o sul do estado.
O governo estadual lançou o ConservaPRO, programa de revitalização e melhoria da conservação, que regionalizou e agrupou as intervenções, medida que busca reduzir o custo e trazer mais eficiência para os investimentos. São 30 unidades regionais já com contratos de manutenção e outras dez esperando licitação com expectativa para ano que vem, atendendo todo o estado.
O Conserva Pro funciona como um complemento ao ProVias, garantindo que as estradas que ainda não precisam de recuperação funcional tenham a vida útil do pavimento ampliada. Desde o começo do ProVias, em 2019, 2,95 mil km já passaram por intervenções e o planejamento é de que outros 1,1 mil km passem por obras apenas no ano que vem. “Restrições orçamentárias e de recursos humanos impedem que esse número seja maior. No longo prazo, isso é um bom número”, destaca Pereira.
Pavimento de concreto
O diretor do DER-MG também comentou que as discussões sobre o uso do pavimento rígido de concreto devem ser retomadas. O planejamento é lançar um edital de recuperação de um pequeno trecho em whitetopping (colocação de um pavimento de concreto sobre o pavimento flexível) em pista simples entre o final deste ano e começo do próximo, a fim de testar o comportamento dessa tecnologia. Outros dois projetos piloto maiores devem surgir no ano que vem também, com trechos mais longos e possivelmente em pista dupla.
