João Monteiro – 27.07.2023 – Dados da Cisco aponta que menos de um 1% dos dados são usados pelas empresas atualmente
A Cisco define que o conceito de Internet das Coisas (IoT) está na conexão de ativos com sensores para capturar dados para depois analisá-los, assim automatizando a tomada de decisões. No entanto, as empresas estão falhando nas últimas etapas desse processo, já que dados da Cisco mostram que menos de 1% dos dados capturados são usados atualmente.
Severiano Macedo, Sales IOT Specialist da Cisco Brasil, explica que a IoT traz a possibilidade de obter informações em tempo real, o que melhora a assertividade do negócio, que antes tomava decisões com base em dados do passado. Ainda segundo estudos da Cisco, mais de 60% do valor da IoT será gerado em implantações corporativas, exatamente por causa da tomada de decisão.
Mas para alcançar essa vantagem, é preciso que as empresas passem para o uso efetivo dos dados. A correlação de dados entre áreas é fundamental, diz Macedo, que aponta que a interoperabilidade entre sistemas isolados é necessária para capturar 40% do valor da IoT.
Como exemplo, ele cita a indústria da moda que, ao correlacionar dados de gôndolas e de tendências de moda, consegue lançar três coleções por estação. “Isso a coloca bem à frente de concorrentes que lançam só uma”, afirma.
Na indústria, ele cita um cliente do setor de celulose da Cisco que implantou 9 mil sensores em uma única planta industrial – três para cada ativo. Com isso, a empresa tem mais controle sobre sua produção e saber quando é necessário fazer a manutenção preditiva. Se a empresa correlacionar esses dados com o de outras áreas, é possível condicionar a produção de acordo com a demanda, por exemplo.
Desafios de IoT
Macedo diz que a conectividade ainda é um desafio, a depender da área de atuação da empresa. O agro e a indústria, por exemplo, estão em locais com menor acesso à rede. A tecnologia de conexão é que não precisa ser um desafio, no entanto. O 5G ainda é muito custoso para as empresas, segundo o especialista, mas nada impede que se use conexões como LTE ou LoRaWAN. Tudo depende do escopo do projeto.
Já a análise é um desafio maior. De acordo com ele, a edge computing pode ajudar nesse processo, fazendo uma filtragem dos dados para diminuir os custos com armazenamento de dados. Em câmeras de videomonitoramento, por exemplo, é possível que um sistema analítico operando na borda possa direcionar apenas conteúdos que fogem do padrão para armazenamento em nuvem.
Outro ponto é a gestão dos dispositivos conectados e suas aplicações. Macedo diz que é preciso automatizar alguns processos de atualização de forma a garantir a operabilidade com segurança e sem impactos para o dia a dia de uma empresa. Afinal, não é interessante que não se tenha determinado dado disponível porque o sensor decidiu reiniciar após uma atualização no meio do dia.
Falando em segurança, também há a questão das vulnerabilidades da IoT. A Cisco defende que sensores precisam ficar em redes segregadas, mas ainda com conexão com a rede de TI para permitir o uso de dados. Através de firewalls, Macedo diz que é possível impedir tráfego suspeito entre as redes e mitigando possível ataques através de dispositivos IoT.
O especialista ainda diz que as empresas começam a superar esses desafios e que a média global está caminhando para uma tomada de decisão e execução mais ágil com a IoT. “As empresas mais ágeis nesse processo de adaptação são as de maior sucesso”, afirma.