Eletrodiálise Reversa pode ajudar na universalização do saneamento

A Eletrodiálise Reversa (EDR) é uma tecnologia que utiliza membranas catiônicas, aniônicas e corrente elétrica para a remoção de sais e condutividade de água e efluente

Por Redação

em 15 de Junho de 2025

Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), divulgados em 2023, revelam que cerca de 35 milhões de brasileiros ainda vivem sem acesso à água tratada, enquanto mais de 90 milhões não contam com serviços de coleta de esgoto. No ritmo atual, a universalização do saneamento só viria a acontecer em 2070, segundo o Instituto Trata Brasil, um atraso de 37 anos perante a meta do Marco Legal do Saneamento.

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Assim, soluções tecnológicas ganham tração como ferramentas para acelerar o acesso a serviços básicos no País. Uma das inovações que têm se destacado é a Eletrodiálise Reversa (EDR), tecnologia que utiliza membranas catiônicas, aniônicas e corrente elétrica para a remoção de sais e condutividade de água e efluente. Com capacidade de reaproveitar até 95% do volume de água tratada, baixo consumo energético, geração mínima de rejeitos e operação automatizada, a EDR representa uma alternativa eficiente e sustentável, especialmente indicada para regiões com escassez hídrica, polos industriais e municípios que precisam adequar a água para abastecimento público.

Adoção da Eletrodiálise Reversa ainda é desafio

Para Lorena Zapata, diretora de Novos Negócios da Engeper Ambiental, o maior desafio hoje não está mais na tecnologia em si, mas na mentalidade dos gestores. Apesar da eficácia e dos benefícios associados à EDR, a adoção dessa tecnologia ainda encontra barreiras importantes. Entraves burocráticos, ausência de editais que priorizem inovação, falta de capacitação técnica em algumas instâncias públicas e uma cultura de gestão pautada em soluções padrões dificultam a disseminação de modelos mais sustentáveis.

“Estamos diante de um paradoxo: temos tecnologias eficazes e sustentáveis disponíveis, mas ainda lidamos com estruturas de pensamento e processos que não acompanham essa evolução”, afirma.

Para a especialista, ampliar o acesso a tecnologias como a EDR requer modernização dos marcos regulatórios, revisão das contratações públicas e mudança cultural nas instituições. “Além de ganhos operacionais, essas soluções trazem benefícios sociais e ambientais alinhados às demandas por sustentabilidade e equidade. Superar barreiras à inovação é essencial para um desenvolvimento mais justo e resiliente”, afirma Lorena.