Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), divulgados em 2023, revelam que cerca de 35 milhões de brasileiros ainda vivem sem acesso à água tratada, enquanto mais de 90 milhões não contam com serviços de coleta de esgoto. No ritmo atual, a universalização do saneamento só viria a acontecer em 2070, segundo o Instituto Trata Brasil, um atraso de 37 anos perante a meta do Marco Legal do Saneamento.
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Assim, soluções tecnológicas ganham tração como ferramentas para acelerar o acesso a serviços básicos no País. Uma das inovações que têm se destacado é a Eletrodiálise Reversa (EDR), tecnologia que utiliza membranas catiônicas, aniônicas e corrente elétrica para a remoção de sais e condutividade de água e efluente. Com capacidade de reaproveitar até 95% do volume de água tratada, baixo consumo energético, geração mínima de rejeitos e operação automatizada, a EDR representa uma alternativa eficiente e sustentável, especialmente indicada para regiões com escassez hídrica, polos industriais e municípios que precisam adequar a água para abastecimento público.
Adoção da Eletrodiálise Reversa ainda é desafio
Para Lorena Zapata, diretora de Novos Negócios da Engeper Ambiental, o maior desafio hoje não está mais na tecnologia em si, mas na mentalidade dos gestores. Apesar da eficácia e dos benefícios associados à EDR, a adoção dessa tecnologia ainda encontra barreiras importantes. Entraves burocráticos, ausência de editais que priorizem inovação, falta de capacitação técnica em algumas instâncias públicas e uma cultura de gestão pautada em soluções padrões dificultam a disseminação de modelos mais sustentáveis.
“Estamos diante de um paradoxo: temos tecnologias eficazes e sustentáveis disponíveis, mas ainda lidamos com estruturas de pensamento e processos que não acompanham essa evolução”, afirma.
Para a especialista, ampliar o acesso a tecnologias como a EDR requer modernização dos marcos regulatórios, revisão das contratações públicas e mudança cultural nas instituições. “Além de ganhos operacionais, essas soluções trazem benefícios sociais e ambientais alinhados às demandas por sustentabilidade e equidade. Superar barreiras à inovação é essencial para um desenvolvimento mais justo e resiliente”, afirma Lorena.