O Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC) 100, realizado de 8 a 11 de abril no São Paulo Expo, reuniu 14 mil pessoas ao longo dos quatro dias em mais de 120 painéis e 200 horas de conteúdo. Promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) durante a Feicon, o evento destacou os impactos da digitalização, da industrialização e do ESG no setor.
A aplicação de tecnologias como o BIM (Building Information Modeling), associada à inovação aberta, vem transformando os processos construtivos e estimulando novos modelos de negócio. No contexto da Construção 4.0, especialistas demonstraram como canteiros de obras podem se tornar mais limpos, rápidos e seguros. Iniciativas reconhecidas no Prêmio de Sustentabilidade da CBIC ilustraram de forma concreta como a incorporação de soluções tecnológicas contribui para aumentar a segurança, qualificar empregos e alinhar o setor a uma agenda ambiental e social mais robusta.
A industrialização da construção também ganhou protagonismo. Em painel dedicado ao programa Nova Indústria Brasil (NIB), foi ressaltado que o setor da construção precisa aumentar substancialmente sua produtividade nos próximos anos. Para isso, a industrialização, combinada ao uso de tecnologias como o BIM, foi apresentada como o caminho mais viável e sustentável para cumprir metas econômicas, sociais e ambientais, com ganhos em escala e eficiência.
ESG também foi pauta no ENIC 100
No campo da responsabilidade social e das práticas ESG, o ENIC 100 trouxe a discussão sobre liderança inclusiva, segurança psicológica e respeito à diversidade ganhou corpo, com especialistas defendendo que um ambiente de trabalho humanizado é também mais produtivo.
A habitação de interesse social, tema central em diversos painéis, também foi abordada tanto sob a ótica do financiamento quanto da industrialização. Representantes da Caixa apresentaram um novo modelo para ampliar a industrialização das moradias, reduzindo prazos e custos. A reconstrução de regiões atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul foi usada como exemplo de como a inovação modular pode acelerar a entrega de moradias de qualidade.
A sustentabilidade ambiental ocupou lugar de destaque no evento, especialmente diante dos compromissos que o Brasil deverá assumir na COP 30, em 2025. Especialistas alertaram que as emissões de carbono passarão a representar um custo real para o setor e defenderam a adoção de soluções sustentáveis com foco em eficiência energética e gestão inteligente das cidades.
O evento trouxe a visão de que a construção civil pode desempenhar um papel ativo no enfrentamento das mudanças climáticas. Para isso, destacaram-se a importância de políticas públicas integradas e de marcos regulatórios atualizados, capazes de acompanhar a evolução sustentável do setor.
Infraestrutura urbana, novas fontes de financiamento e requalificação das cidades
Painéis apresentaram opções de funding para projetos de infraestrutura urbana e mobilidade. Um dos momentos mais simbólicos do evento foi a apresentação do projeto “Se essa rua fosse minha”, desenvolvido pela CBIC em parceria com o Ministério das Cidades, com foco na requalificação de vias urbanas.
As perspectivas para o setor imobiliário e a reforma tributária também geraram discussão. A precificação de empreendimentos foi apontada como o principal desafio para o segmento diante das mudanças tributárias previstas, enquanto representantes do mercado defenderam novos modelos de financiamento, sobretudo diante do aumento dos juros. Já no campo jurídico, o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que uma medida do CNJ poderá frear a litigiosidade trabalhista no país, trazendo maior previsibilidade ao ambiente de negócios.