Realizado pelo governo de Minas Gerais, por meio da InvestMinas, o programa Rota da Descarbonização fez um levantamento para identificar os principais emissores de gases do efeito estufa (GEE) no estado, sendo eles: Transporte; Energia; Indústria e Agropecuária, Florestas e Uso da Terra. Essa foi a primeira etapa do estudo, que busca ajudar esses setores a reduzir seus índices de emissões.
Esse estudo identificou que o grupo Agropecuária, Florestas e Uso da Terra é o responsável por 50% dos GEE. Desse número, 62,2% são de responsabilidade da pecuária, 27,2% da agricultura e 10,6% do uso de terras e florestas. Setores que representam a infraestrutura aparecem na sequência. O setor da Indústria vem em segundo, com 28%, sendo 50% relativos ao ferro-gusa e aço; 27% do cimento, 4% da mineração e 19% dos demais segmentos.
Em terceiro vem o Transporte, com 15,7%, sendo 94% referentes ao modal rodoviário, 3% do ferroviário e outros 3% do aéreo. Completa a lista o setor de Energia, com 3,3%. Vale ressaltar que no recorte do Rota são consideradas apenas as emissões do processo de geração de eletricidade (57,3%), refino de petróleo (41,5%) e da produção de biocombustíveis (1,2%).
Rota da Descarbonização propõe soluções para descarbonização
Após a identificação dos segmentos, o estudo listou soluções. Essa classificação pontuou-as com base em três critérios: potencial de mitigação, barreiras econômicas e barreiras tecnológicas.
Para o agronegócio, as estratégias mais acessíveis incluem práticas de agricultura e pecuária de baixo carbono, focadas no manejo eficiente de nutrientes e na melhoria genética dos rebanhos, além da redução do desmatamento e o aumento de florestas plantadas.
Soluções de desafio médio, como a integração lavoura-pecuária-florestas e o manejo adequado de fertilizantes nitrogenados, visam acelerar a transição. Já as soluções mais complexas, como o uso agrícola de biocarvão, buscam estender ainda mais as fronteiras da sustentabilidade.
Na indústria, as estratégias que mais se destacaram foram, no caso da siderurgia, medidas para a melhoria de eficiência energética e a expansão da eletrificação. No caso da produção de cimento, também a melhoria da eficiência energética e o uso de combustíveis alternativos.
Por outro lado, a expansão do uso de biomassa na siderurgia e a eficiência energética nos demais segmentos são identificados como desafios médios, enquanto inovações mais complexas, como o uso de hidrogênio verde e a implementação de tecnologias de captura de carbono, visam estender as fronteiras da sustentabilidade industrial. Essas iniciativas refletem a urgência e a possibilidade de um setor industrial mais verde.
Transporte e energia também precisam se transformar
O transporte é uma questão de maior complexidade. Entre as opções de menor desafio, destaca-se a expansão do uso de etanol em veículos leves, estratégia já consolidada no País. Mas os desafios médios incluem a eletrificação, expansão do uso de biodiesel e de diesel verde em veículos pesados, o que é um desafio no transporte de carga. Inovações mais complexas envolvem o aumento do uso de biocombustíveis avançados, como o SAF, e a eletrificação de veículos pesados.
Na energia, o programa Rota da Descarbonização aponta caminhos promissores. As iniciativas de menor desafio incluem a expansão das energias renováveis (solar e eólica). Num segundo nível, intervenções na Refinaria Gabriel Passos (Regap) para ganhos de eficiência e substituição de combustíveis, além da expansão da geração hidrelétrica.
Por fim, a implementação de tecnologias de captura de carbono nas operações da Regap e na produção de biocombustíveis, e o uso de hidrogênio verde e de baterias para o armazenamento de energia gerada a partir das fontes renováveis intermitentes representam os esforços mais ambiciosos.