Da Redação – 26.03.2018 –
Projeto está sendo atualizado e foi apresentado na semana passada em Brasília
O Fórum Mundial da Água trouxe algumas discussões paralelas e uma delas envolveu a Hidrovia Paraguai-Paraná, que hoje movimenta 20 milhões de toneladas/ano de carga. O potencial do corredor aquático é muito maior, visto que a Mississipi-Missouri, nos Estados Unidos e de porte similar, movimenta 25 vezes mais do que isso. Para avançar, o projeto sul-americano precisa criar um sistema de eclusas para a transposição da barragem de Itaipu, localizada no Rio Paraná, na fronteira entre Brasil e Paraguai.
O empreendimento, aliás, foi previsto em 1966, antes da construção da usina Binacional de Itaipu. Atualizado ao longo dos anos, o projeto recebeu uma impulso em 2017, quando a empresa resolveu atualizar os estudos em função do aumento de cargas transportadas na última década. Segundo o diretor da usina, Newton Luiz Kaminski, o projeto deverá adotar o modelo reduzido da barragem (localizado no Paraguai) para os estudos de hidráulica.
Eclusas resolveriam desnível de 120 metros
As análises incluem ainda estudos de segurança náutica e de desenho, buscando aproveitar a topografia para otimizar custos. Essa análise está a cargo da Witteveen-Bos. As projeções iniciais indicam que a margem direita (a paraguaia) seria a mais indicada para abrigar o sistema de eclusas. Após os estudos, a usina deve estimar os custos e o modelo de financiamento da obra. Com um desnível de 120 metros, a construção – se avaçar – será o maior sistema de eclusas do mundo.
“A hidrovia Paraguai-Paraná é uma grande oportunidade de desenvolvimento para cinco países: Paraguai, Brasil, Uruguai, Argentina e Bolívia. Com um investimento relativamente pequeno, é possível proporcionar um ganho de competitividade para esses países em nível mundial, mas precisa ser um investimento coordenado”, afirmou o ministro de Obras Públicas e Comunicações do Paraguai, Ramón Jimenez Gaona Arellano, acrescentando que o modal tem grande importância no país: o Paraguai é dono da terceira maior frota de barcaças do mundo.
Só pra efeito de comparação, uma das principais vantagens do modal hidroviário está na economia: um comboio de 20 barcaças pode transportar 30 mil toneladas com um consumo de combustível de 5 litros/tonelada/km. Para transportar a mesma carga, seriam necessários 400 vagões, com um consumo de 85 litros/tonelada/km ou 1.200 caminhões a 218 litros/toneladas/km.