O Secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, declarou que o governo de Donald Trump está cogitando maneiras para ter acesso à energia excedente da hidrelétrica de Itaipu no Paraguai, a fim de garantir suprimento de eletricidade para os investimentos futuros em Inteligência Artificial.
Os comentários foram feitos na terça-feira, 20 de maio, em sessão do Congresso nos EUA em que o tema era a participação do país na COP30, que acontece no final do ano em Belém do Pará.
Segundo o Valor International, quando perguntado sobre a COP, Rubio mudou de assunto e preferiu se pronunciar a respeito de energia para os data centers e empresas de IA de seu país, relacionando-os com Itaipu.
“Precisamos discutir como investiremos em países com o tipo de oferta de energia que atenda essa demanda. Por exemplo, o Paraguai, que tem uma usina hidrelétrica e um acordo de longo prazo com o Brasil para vender 50% da energia gerada. Agora que este contrato expirou, estão considerando o que fazer com o excedente de energia que não vai mais para o Brasil”, disse Rubio.
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A declaração chega em um momento delicado na relação entre Brasil e Paraguai a respeito do uso dos excedentes de energia gerados por Itaipu. O Brasil pretende assinar com o vizinho um novo acordo para garantir a continuidade do fornecimento dos excedentes ao País.
O Ministério de Minas e Energia vem trabalhando para obter preços convenientes para o Brasil, visto que o Anexo C do novo acordo que atualmente se discute prevê a negociação da energia no mercado livre a partir de 2027. O acordo original, feito quando da construção da usina binacional, expirou em 2023.
Itaipu vem motivando atritos diplomáticos
O tema, contudo, ficou um pouco mais complexo a partir do momento em que o governo paraguaio acusou espionagem da ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) sobre comunicações eletrônicas de funcionários do governo paraguaio, o que veio a paralisar a negociação do Anexo C.
Além disso, existem os planos anunciados pelo Ministério da Fazenda para instalação de data centers no Brasil, cujo ponto de atratividade para investidores é exatamente o excedente de energia proveniente de Itaipu.
Por fim, questões multilaterais já vinham interferindo na relação entre Paraguai e Brasil. Na última eleição para a OEA (Organização dos Estados Americanos), o Brasil apoiou o candidato do Suriname, o que obrigou o candidato do Paraguai a retirar seu nome. Porém, o governo de Trump apoiava o paraguaio, e a vitória do candidato do Suriname representou o fim da longa dominância dos EUA sobre a OEA.
