O papel da infraestrutura ferroviária para segurança de cargas minerárias

A ineficiência da malha ferroviária brasileira causa prejuízos bilionários anualmente ao setor mineral, impactando a competitividade do país no mercado internacional

Por Redação

em 17 de Fevereiro de 2025

Eduardo Teixeira*

A ineficiência da malha ferroviária brasileira causa prejuízos bilionários anualmente ao setor mineral, impactando a competitividade do país no mercado internacional. Além da falta histórica de investimentos do setor público, os desafios atuais desencadeados pelas mudanças climáticas, como deslizamentos, erosões e inundações, colocam luz sobre um problema que precisa ser resolvido com urgência. Em um futuro próximo, os produtos que utilizam os recursos minerais podem encarecer, comprometendo o desenvolvimento de diversos setores da economia.

Um estudo recente do Ministério dos Transportes apontou que as mudanças climáticas representam um risco crescente para a infraestrutura ferroviária brasileira, com o aumento da frequência de eventos como chuvas intensas e altas temperaturas, que podem causar deformação dos trilhos e interrupções no serviço. Ao mesmo tempo, o setor mineral brasileiro projeta um cenário promissor para 2025, impulsionado por investimentos significativos e avanços tecnológicos. A Vale, por exemplo, planeja investir até US$ 7 bilhões em 2025, com uma produção estimada entre 325 e 335 milhões de toneladas de minério de ferro.

Nesse contexto de desafios e oportunidades, o governo federal anunciou recentemente um ambicioso Plano Nacional de Ferrovias, com um investimento previsto de R$ 100 bilhões, visando a concessão de cinco grandes projetos de estradas de ferro à iniciativa privada. O governo planeja que “desse montante, R$ 20 bilhões seriam provenientes de investimentos públicos, com o objetivo de atrair R$ 80 bilhões em investimentos privados”. Essa iniciativa traz um alívio para as mineradoras e concessionárias de ferrovias, sinalizando um compromisso do poder público em revitalizar o setor.

Considerando esse investimento, a escolha eficiente de parceiros com governança sólida e transparente torna-se crucial para que as mineradoras e concessionárias ferroviárias garantam a entrega das melhorias dentro do prazo. Essa necessidade se baseia no histórico de parcerias firmadas com foco no menor preço, em detrimento do custo-benefício. Empresas com custos muito abaixo do mercado tendem a ter processos de governança menos estruturados, o que pode levar a atrasos ou, na pior das hipóteses, à não entrega do projeto. Por isso, no atual momento em que o Brasil se encontra, esse processo precisa ser feito com responsabilidade, considerando critérios como experiência, reputação, capacidade técnica e compromisso com a sustentabilidade.

*Eduardo Teixeira é diretor da Unidade de Negócios em Mineração da Seel Engenharia.