Otimismo da indústria da construção diminui em 2025

As taxas de juros elevadas, a elevada carga tributária e a falta ou alto custo de trabalhador qualificado são os principais problemas que tem afetado o setor

Por Redação

em 20 de Maio de 2025

A Sondagem Indústria da Construção (SIC) relativa ao primeiro trimestre de 2025 mostra uma piora significativa no otimismo da indústria da construção. Feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a pesquisa consultou 316 empresas de pequeno, médio e grande portes em abril.

As informações apontam maior insatisfação com o lucro operacional, que caiu de 44,8 para 42,8 pontos, e com a situação financeira, que teve queda de 49 para 46,4 pontos. Segundo a metodologia usada na Sondagem, qualquer índice abaixo dos 50 pontos indica pessimismo dos respondentes (a métrica vai até 100).

Mesmo com as taxas de juros apontadas como um dos principais problemas, o índice de facilidade de acesso ao crédito caiu apenas 0,3 ponto, para 37,4 pontos. No entanto, o índice de evolução dos preços de insumos subiu para 64,6 pontos, apontando aceleração nos custos de produção (neste caso, o número acima de 50 é que traz a visão negativa).

O problema dos juros altos

As taxas de juros elevadas continuam a ser o principal obstáculo, apontadas por 35,3% dos empresários, 1,2 ponto percentual a mais que no trimestre anterior. Em seguida aparecem carga tributária elevada (27,8%) e falta ou alto custo de mão de obra qualificada (27,1%). Também se destacaram a demanda interna insuficiente, que saltou da 7ª para a 4ª posição, e a falta de capital de giro, que subiu da 8ª para a 6ª posição.

Leia mais

“A indústria da construção é diretamente impactada pela alta da Selic. Como fica mais difícil acessar financiamento para a compra de imóveis, a demanda diminui. Esse movimento chega até a produção, pois a indústria também sente os reflexos dos juros para financiar a compra de insumos, então há um efeito em cadeia”, avalia o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo.

Desempenho perde força e derruba otimismo da indústria da construção

Em março de 2025, o índice de evolução do nível de atividade subiu para 47,2 pontos, ainda inferior a março de 2024 (48,4). O emprego se manteve praticamente estável, em 48,1 pontos. A Utilização da Capacidade Operacional (UCO) ficou em 67%, sem alteração há cinco meses.

Assim, as expectativas para os próximos seis meses se reduziram: todos os índices de expectativa recuaram em abril, embora ainda se mantenham acima dos 50 pontos. A intenção de investir, por sua vez, caiu para 41 pontos e é o menor valor desde março de 2024. Todos esses números impactam diretamente no Índice de Confiança do Empresário da Construção, que caiu 2,4 pontos, de 49,6 para 47,2 pontos.