Quem serão os protagonistas do 5G no Brasil?

Carlos Eduardo Sedeh (*) – 22.07.2020 –  Apenas pelas diferentes aplicações e possibilidades que o 5G permite, essa tecnologia é uma verdadeira revolução na forma de comunicação dos dados. A rede será a estrada para as principais transformações que estão acontecendo como IoT, Big Data, Analytics, entre outras, porque permitirá, de fato, a transmissão de […]

Por Redação

em 22 de Julho de 2020
BARCELONA, SPAIN - FEBRUARY 27:  A 5G sign is pictured at the Quantum stand during the Mobile World Congress (MWC), the world's biggest mobile fair, on February 27, 2018 in Barcelona. The Mobile World Congress is held in Barcelona from February 26 to March 1.(Photo by Miquel Benitez/Getty Images)

Carlos Eduardo Sedeh (*) – 22.07.2020 – 

Apenas pelas diferentes aplicações e possibilidades que o 5G permite, essa tecnologia é uma verdadeira revolução na forma de comunicação dos dados. A rede será a estrada para as principais transformações que estão acontecendo como IoT, Big Data, Analytics, entre outras, porque permitirá, de fato, a transmissão de informações com baixa latência e na largura de banda necessária.

Sob esse prisma, não seria correto chamarmos o 5G de evolução do 4G, porque essa tecnologia demanda uma rede totalmente diferente e vai exigir que as empresas façam um novo investimento, alterando substancialmente as suas redes legadas. Geralmente, quando se fala em avanço, o que vem acontecendo até agora é um refarming por parte das empresas, que nada mais é do que a troca e melhoria dos equipamentos de rede, fazendo uma atualização com upgrade, assim foi a transição do 2G para o 3G e depois para o 4G, lembrando ainda que há versões intermediárias nessas transições tecnológicas.

No 5G a matemática é diferente. Isso porque a topologia de rede muda, a transmissão das ondas é mais rápida, porém mais curta, tornando necessário um maior número de pontos para fazê-la. Hoje esse papel é apenas das ERBs (Estação Rádio Base), popularmente conhecidas como antenas. É comum vê-las nas ruas, são aquelas altas, com rádios em volta. Com a nova tecnologia, além das ERBs, haverá a necessidade de mais antenas – que poderão ser menores – para suprir a necessidade de conexão. Outro ponto será a necessidade de interligar toda essa infraestrutura com fibra óptica.

Logo, a tecnologia é algo imprescindível para alcançar a melhor experiência no 5G. Neste cenário, os principais players são: a chinesa Huawei, a Nokia, que é finlandesa, e a sueca Ericsson. Tendo em vista a necessidade de implementar uma nova rede, substancialmente diferente da atual (4G), o papel das empresas fornecedoras de tecnologia é muito importante. A Huawei tem vantagens, pois apresenta uma maior escala na produção, capacidade de implantação e competitividade frente as demais, isso porque já investe na tecnologia há alguns anos e existem até cidades funcionando, em caráter experimental, com o 5G da Huawei.

Há um grande destaque e opiniões divergentes sobre a predominância da empresa chinesa nesse contexto. Importante destacar que o pano de fundo dessa discussão é o fato de que a rede 5G, como dito anteriormente, permitirá aplicações bastante críticas, muito mais sensíveis do que as atuais, relacionadas a atividades de telemedicina, carros autônomos, smart grids/cities, digitalização da sociedade – que será irreversível, entre outras. E o que vem sendo muito questionado é a questão da Huawei ter o domínio massificado dessa rede e, consequentemente, acesso a tudo que será transmitido. Esse impasse e a desconfiança de espionagem são alguns dos pilares do desentendimento entre EUA e China.

Há uma disparidade de visões: enquanto países como Alemanha, França e Espanha não restringiram a atuação da companhia até momento, outros como Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Índia e Japão a proibiram de fornecer equipamentos para 5G. Aqui no Brasil, a decisão também deverá ser tomada em relação ao fornecedor da tecnologia necessária para implantação do 5G. Segundo o Ministério das Comunicações, a resolução final caberá ao presidente, e ainda está em aberto.

Recentemente, operadoras anunciaram provas de conceitos no Brasil, mas são ainda testes em pequena escala. É preciso lembrar que, para a viabilidade do 5G em maior escala, existe a necessidade de realizar um leilão acertado, aliado a um marco regulatório sólido para as operadoras, que precisarão investir massivamente. Assim, o consumidor brasileiro poderá desfrutar da experiência que essa tecnologia disruptiva trará.

O 5G será uma revolução nas redes de Telecomunicações, mas as decisões que nos levarão até lá ainda estão em gestação e há muitos atores em cena. Serão as boas decisões de agora, que garantirão o futuro que esperamos para o nosso mercado e sociedade.

Carlos Eduardo Sedeh é CEO da Megatelecom.