A implementação de redes FTTx, redes de fibra óptica que chegam em cômodos de uma casa, segue em ritmo acelerado de expansão em todo o mundo, segundo a ZTE, fornecedora de soluções de rede. De um lado estão os usuários, em busca de cada vez mais conectividade, não apenas de alta velocidade, mas principalmente de estabilidade e cobertura. No outro, as empresas, que encontram no FTTx a solução perfeita para atender as necessidades desses clientes e ampliar sua rentabilidade.
De acordo com o vice-presidente da ZTE, Peter Hu, a expectativa é que a penetração global do FTTx alcance a marca de 80% em 2025. Ao mesmo tempo, essa ampliação pode significar a redução ainda mais drástica da participação de outras modalidades de rede ainda presentes no mercado, como a DOCSIS e a DSL.
“Creio que o 10G-PON (também chamado de XGS-PON) possa contribuir de forma significativa nesse panorama, visto que sua participação no cenário global das PON já representava 22,3% no fim do ano passado. Até o fim do segundo trimestre de 2023, mais de 33 milhões de pontos já recebiam o 10G-PON. A tendência é que ele supere o GPON até 2026”, comenta.
O que é FTTx?
As redes FTTX são arquiteturas de telecomunicação que levam fibra óptica até pontos próximos ou diretamente aos usuários finais. A sigla abrange variações como FTTH (Fiber to the Home), FTTC (Fiber to the Curb) e FTTB (Fiber to the Building), definindo até onde a fibra se estende antes de conectar-se a redes convencionais. A tecnologia melhora a estabilidade e a velocidade da internet, reduzindo interferências e latências comuns em redes metálicas.
A expansão das redes FTTX acompanha a demanda por maior capacidade de transmissão de dados, impulsionada por aplicações que exigem conexões de alta performance. Operadoras investem na substituição de infraestrutura legada para atender a serviços como streaming, jogos online e telemedicina. Além da qualidade da conexão, o modelo possibilita novas aplicações de conectividade em cidades inteligentes e redes corporativas.
O que é PON?
Uma breve explicação sobre a tecnologia de rede óptica passiva (PON): atualmente, a maioria dos provedores do Brasil utilizam o EPON ou o GPON para conectar seus clientes, permitindo velocidades de download de até 1,25 Gbit/s ou 2,5 Gbit/s, respectivamente. Alguns já iniciaram a transição para o 10G-PON, que permite conexões de 10 Gbit/s.
Segundo o executivo da ZTE, o Brasil é um dos países de vanguarda na América Latina na implementação da 10G-PON. Isso porque é facilmente aplicável em arquiteturas de rede em fibra já existentes, que precisam apenas atualizar seus equipamentos. “Os próximos dois a três anos irão testemunhar a implantação em grande escala de 10G-PON em todo o mundo”, afirma Peter Hu.
Ele argumenta que isso acontecerá devido às necessidades dos usuários associadas a uma exigência por uma experiência de serviço cada vez melhor. “Mas entendo que também depende de suporte político e concorrência de mercado para que mais empresas lancem mão de investimentos para sua concretização”, diz.
Oportunidades com set top boxes
Claro que não é só na rede de acesso que os provedores vão ter que ampliar sua tecnologia. Também será preciso atualizar os equipamentos na casa dos clientes e uma forma de fazer isso pode ir além dos roteadores, pois os equipamentos para recepção e distribuição de sinal de TV, internet e telefone estão sendo usados de forma ativa em uma estrutura de residências inteligentes, diz o VP da ZTE.
“Começa a surgir no Brasil uma tendência de oferecer um serviço cada vez mais flexível tanto em termos de custos quanto de estrutura e conteúdo. A adesão dos Set Top Box 4K com Android da ZTE por parte delas, oferece vasta experiência em integração de conteúdo próprio – seus canais, por exemplo – com o de terceiros, especialmente os streamings”, explica.
Ele diz que o Set Top Box é baseado em Mesh+FTTR ee pode ser a entrada de serviços de vídeo e controle residencial inteligente, e os dispositivos IoT podem ser usados como componentes de controle residencial inteligente de camada superior. “Isso pode melhorar significativamente a experiência dos usuários”, diz.
Cuidados na rede FTTx
Os cordões de manobra, ou patch cords, são componentes essenciais na infraestrutura de redes ópticas. Além da correta especificação, o bom desempenho desses cabos depende de cuidados no manuseio para evitar perdas de sinal. Eles conectam os equipamentos ativos ao distribuidor geral óptico (DGO) e, se mal instalados ou manuseados de forma inadequada, podem comprometer a comunicação. O problema ocorre tanto em redes de operadoras de grande porte quanto em provedores regionais de internet (ISPs), que utilizam esses cabos para direcionar o tráfego de rede e garantir a conectividade dos usuários.
A especificação correta do patch cord inclui a escolha do tipo de fibra e dos conectores. A fibra multimodo, de custo mais baixo, é indicada para distâncias menores, enquanto a monomodo, mais cara, atende transmissões de longa distância. Nos últimos anos, a diferença de preço entre esses modelos diminuiu, tornando o monomodo uma opção viável mesmo para cabeamento indoor. Além disso, os conectores variam conforme o formato e o diâmetro do ferrolho, influenciando a compatibilidade com os equipamentos da rede.
O polimento do conector é outro fator crítico. Em redes com equipamentos de maior potência, o uso de conectores com polimento angular (APC) reduz a perda de retorno do sinal e protege os ativos de rede. A adoção de normas na instalação, como o raio de curvatura adequado, também contribui para a integridade da fibra óptica. O manuseio cuidadoso do patch cord, aliado ao uso de capas protetoras nos conectores quando desconectados, evita contaminações e danos ao componente.
Embora as fibras ópticas e os conectores necessitem de homologação da Anatel, os patch cords não estão sujeitos a essa exigência, mas precisam seguir normas como a NBR 14433. A qualidade do produto é um fator determinante para evitar falhas na rede. Fornecedores que realizam testes laboratoriais garantem melhor desempenho, reduzindo riscos de degradação do sinal. Problemas relacionados ao manuseio ou à especificação incorreta dos cordões de manobra são comuns e podem ser evitados com boas práticas.
O distribuidor geral óptico (DGO), onde esses patch cords são instalados, organiza e protege a rede. Conhecido também como patch panel, ele acomoda os sub-bastidores de emenda e distribuição, permitindo a expansão do serviço. Mesmo provedores menores têm projetado suas redes para suportar o crescimento da demanda, utilizando racks para empilhar múltiplos DGOs internos (DGOi). Em redes maiores, a estrutura pode incluir racks de 19 polegadas para garantir a organização e confiabilidade do sistema.