TI consome cada vez mais energia e compromete sustentabilidade

Por Paulo de Godoy* Ondas de calor recordes, debates sobre veículos elétricos (VEs) e cúpulas globais como a COP29 deixam uma coisa clara: a conversa sobre Sustentabilidade não é mais apenas uma obrigação corporativa — é um mandato social, independentemente das mudanças políticas. Em 2025, grande parte do mundo verá uma pressão sem precedentes para […]

Por Redação

em 15 de Abril de 2025
Divulgação: banco de imagens

Por Paulo de Godoy*

Ondas de calor recordes, debates sobre veículos elétricos (VEs) e cúpulas globais como a COP29 deixam uma coisa clara: a conversa sobre Sustentabilidade não é mais apenas uma obrigação corporativa — é um mandato social, independentemente das mudanças políticas. Em 2025, grande parte do mundo verá uma pressão sem precedentes para reconciliar o progresso tecnológico com a sustentabilidade ambiental — embora os Estados Unidos estejam se movendo na direção oposta, revertendo compromissos federais. No entanto, para a maior parte do resto do mundo, nenhuma indústria, setor ou geração estará isenta de responsabilidade.

A energia limpa não é perfeita, mas é um começo

A energia renovável é vital para reduzir as emissões, mas mesmo as soluções “mais limpas” têm falhas. A energia nuclear oferece baixas emissões de carbono, mas cria resíduos radioativos e traz uma pegada de carbono significativa na sua cadeia produtiva, como a mineração e o transporte do minério. As tecnologias experimentais de reatores nucleares que estão nos fornos das Big Techs, embora possam ajudar essas empresas a superarem alguns de seus problemas, estão muito longe de se tornarem realidade. A energia eólica é renovável, mas geram um rastro de lâminas de turbina que não podem ser recicladas e muitas vezes acabam em aterros sanitários.

Embora essas imperfeições alimentem debates, elas também destacam uma lição importante: não deixe que a busca pela perfeição bloqueie o progresso significativo. Podemos reconhecer falhas e ainda fazer escolhas que reduzam significativamente nosso impacto ambiental. A questão é: fazer nada não é uma opção.

O que aprendemos com o “washout” da COP29

A cúpula da COP29 do ano passado em Baku foi criada para inspirar o progresso global nas metas climáticas, mas muitas partes interessadas ficaram decepcionadas. O financiamento anual acordado de US$ 300 bilhões para países em desenvolvimento até 2035 empalidece em comparação aos US$ 1,3 trilhão que alegam precisar. Além disso, a cúpula falhou em fornecer estruturas acionáveis para as indústrias se alinharem com as metas de redução de emissões ou implementarem soluções específicas do setor. Essa lacuna gritante reflete uma falta persistente de urgência e de ação.

Para as empresas, isso serve como uma lição: entregas claras e mensuráveis (e não aspirações vagas) são essenciais para o progresso e a responsabilização. A sustentabilidade não é sobre grandes promessas; é sobre estratégias fundamentadas e acionáveis que criam confiança.

A Geração Z nos responsabilizará

A Geração Z é sem dúvida a geração mais informada e a que mais fala sobre o meio ambiente. Suas expectativas em relação às empresas que escolhem trabalhar são claras: as ações de sustentabilidade devem estar alinhadas aos valores. Uma pesquisa de 2024 da Deloitte revela que 44% da Geração Z rejeitaram ofertas de emprego por desalinhamento ético, enquanto 54% pressionam ativamente os empregadores a priorizar a ação climática.

Sim, eles se posicionam, são conectados e exigem mais das empresas e dos governos. Mas eles também esperam que as gerações mais antigas, agora em posições de poder, tomem medidas significativas. É fundamental reconhecer que resolver problemas os climáticos não é uma luta só deles, é uma responsabilidade coletiva.

O “passe fácil” da TI está acabando

O setor de TI, embora seja um impulsionador vital da inovação, consome uma parcela crescente da eletricidade global, e isso aumentará cerca de 10% até 2030, de acordo com estimativas da IEA. A Enerdata observou anteriormente que a TIC como um todo pode ter sido responsável por 9% do uso de eletricidade em 2018. Até agora, a indústria escapou da fiscalização, passando a responsabilidade e transferindo a culpa das demandas de energia para as expectativas de outros (corporações e indivíduos). Mas essas desculpas não durarão muito. À medida que as necessidades de inteligência artificial e processamento de dados aumentam, a indústria de TI deve avançar.

É hora de o setor educar os usuários sobre os custos reais dos avanços tecnológicos, desde modelos de IA com uso intensivo de energia até data centers em expansão. Além disso, as empresas devem adotar tecnologias de eficiência energética, investir em energia renovável e de fato ser sustentável “by design”.

Um mundo de recursos limitados

À medida que a população global se aproxima de 10 bilhões, a suposição de recursos infinitos se torna mais e mais ultrapassada. As crescentes demandas nas redes elétricas, impulsionadas por veículos elétricos e IA, destacam essa crise iminente. Sem ação, a escassez de recursos desencadeará consequências no mundo real, forçando as indústrias a enfrentarem as ineficiências de frente.

Mas nem tudo é negativo. Com investimento direcionado em pesquisa, educação e otimização de recursos, as indústrias podem se adaptar. Seja por meio do design de tecnologia que requer menos energia, reduzindo práticas de desperdício ou educando o público sobre escolhas sustentáveis, mostrando que há um caminho a seguir e que, inclusive, devemos seguir.

O que as empresas podem fazer agora

Para enfrentar esses desafios, as empresas precisam repensar suas prioridades:

Investir em pesquisa e desenvolvimento: Impulsionar inovações que melhorem a eficiência e a sustentabilidade, ao mesmo tempo em que constroem suas tecnologias para o futuro de longo prazo;
Educar em relação ao impacto: Ajudar os consumidores e colaboradores a entender os custos e consequências de longo prazo de suas escolhas, tanto no trabalho quanto em casa;
Otimizar recursos: Identificar as ineficiências e eliminar desperdícios em todas as operações.

A boa notícia é que pequenos passos mensuráveis hoje podem se tornar mudanças notáveis ao mesmo tempo em que nos permite construir resiliência e preparar o cenário para um futuro sustentável. Mas temos que agir agora, porque, eventualmente, a pergunta não será: “O que podemos fazer?”, mas sim: “Por que não fizemos?”.

*Paulo de Godoy é country manager da Pure Storage.