Uso da Internet avançou 20 pontos percentuais em áreas rurais durante a pandemia

Redação – 22.06.2022 – De acordo com a pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil, conexões via fibra óptica e computadores ainda seguem menos presentes em áreas rurais

A proporção de usuários de Internet nas áreas rurais cresceu no Brasil em comparação ao período que antecede a pandemia, passando de 53% dos indivíduos de 10 anos ou mais em 2019 para 73% em 2021. O número de domicílios em áreas rurais conectados evoluiu da mesma forma no período, passando de 51% para 71%. O dado faz parte da pesquisa TIC Domicílios 2021, lançada nesta terça-feira (21/6) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).

Conduzida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), a pesquisa estima que, em 2021, 81% da população de 10 anos ou mais usou a Internet nos últimos três meses – o que corresponde a 148 milhões de indivíduos. Também foi registrado um aumento significativo na proporção de usuários da rede nas regiões Norte (83%), Sul (83%) e Nordeste (78%) em relação a 2019.

Em comparação aos dados coletados em 2019, a presença de conexão de Internet nos domicílios aumentou em todos os estratos analisados, notadamente, nas classes D/E (61%, aumento de 11 pontos percentuais). Do ponto de vista da conectividade, a disparidade entre os domicílios das classes A e D/E vem diminuindo nos últimos anos, sendo que a diferença entre esses estratos passou de 85 pontos percentuais em 2015 para 39 pontos em 2021.

Tecnologias utilizadas

Entre os domicílios conectados, a presença de cabo ou fibra óptica como o principal tipo de conexão à rede ocorre em 61% dos domicílios. A penetração de conexão via cabo ou fibra óptica é menor nas regiões Norte (53%) e Nordeste (54%). Na região Norte também é maior o percentual de domicílios que tem as redes móveis como principal tipo de conexão (33%).

A presença de computadores nos domicílios, entretanto, manteve-se em 39%, patamar semelhante ao observado em 2019 (período pré-pandemia). Há um cenário de estabilidade nos domicílios das classes mais altas, onde o computador já é mais presente (99% nos domicílios da classe A e 83% nos da classe B).

Já nas classes D/E, a proporção de domicílios com computador diminuiu de 14% em 2019 para 10% em 2021. Nas áreas rurais, a presença de computador nos domicílios é mais reduzida (20%) em comparação aos domicílios em localidades urbanas (42%).

Para se ter uma ideia, no ano passado, as smartvs superaram os computadores, se consolidando como o segundo dispositivo mais utilizado para acessar à rede – passando de 37% dos usuários, em 2019, para 50%, em 2021. Esse aumento foi observado em quase todos os estratos analisados, principalmente entre aqueles de 35 a 44 anos (59%), usuários da região Norte (45%) e entre as mulheres (51%). Ao todo, 74 milhões de indivíduos acessaram a Internet usando a televisão, um acréscimo de 25 milhões de usuários no período.

A pesquisa também revelou a prevalência do uso exclusivo do telefone celular para acessar a rede (64% dos usuários de Internet). Principal dispositivo de acesso à Internet desde 2015, houve um aumento de seis pontos percentuais no uso exclusivo do telefone celular entre 2019 e 2021.

O uso do celular como meio para acessar a Internet é maior entre os que vivem nas áreas rurais (83%), no Nordeste (75%), entre pretos (65%) e pardos (69%), de 60 anos ou mais (80%) e aqueles que pertencem às classes D/E (89%). Entre os usuários da classe C, o acesso à Internet exclusivamente pelo celular passou de 61% em 2019 para 67% em 2021, atingindo um contingente de 51 milhões de pessoas.

O Cetic.br destaca que o uso do computador por brasileiros ocorre principalmente entre as pessoas das classes mais altas e mais escolarizadas. Estas, aliás, tendem a usar a Internet a partir de múltiplos dispositivos e se conectam tanto pela rede móvel quanto por Wi-Fi, o que facilita a realização de um gama maior de atividades na rede. Este fator tem um impacto importante no desenvolvimento de habilidades digitais.

Metodologia

Realizada anualmente desde 2005, a TIC Domicílios tem o objetivo de medir a posse, o uso, o acesso e os hábitos da população brasileira em relação às Tecnologias da Informação e Comunicação. Em razão das medidas de distanciamento social provocadas pela pandemia covid-19, em 2020 a pesquisa teve a sua metodologia adaptada, sendo realizada preferencialmente pelo telefone. Já em 2021, a pesquisa voltou a adotar um modelo de coleta integralmente presencial. Os dados foram coletados entre outubro de 2021 e março de 2022, e incluiu 23.950 domicílios e 21.011 indivíduos de 10 anos ou mais.