Ampliar fontes renováveis de energia precisa ser meta de governo

Redação – 29.11.2022 – Crescimento do consumo de energia elétrica pode não ser acompanhado da produção nos próximos anos 

Apesar da importância da definição de uma política estratégica capaz de garantir a produção de energia para atender à expansão demográfica e o crescimento da economia nacional, o tema passou longe dos debates das campanhas eleitorais. Uma questão preocupante dada a premência de se ampliar as fontes renováveis na composição da matriz energética brasileira, ainda dependente de termelétricas quando há escassez de chuvas. 

Segundo dados da 2ª Revisão Quadrimestral das Previsões de Carga para o Planejamento Anual da Operação Energética – 2022-2026, o aumento previsto para este ano é de 2% na carga, atingindo 70.948 megawatts médios, considerando um incremento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,9%. De 2022 a 2026, a previsão é de um crescimento médio anual da carga de 3,4%, atingindo 81.032 megawatts médios ao final do período. 

A demanda poderá ser ainda maior se o país retomar patamares de produção industrial similares ao de 2008, quando o setor representava cerca de 25% do PIB. Hoje, sua participação é de apenas 11,3%, conforme os dados mais recentes. Se isso ocorrer sem que se aumente a oferta de energia, é imenso o risco de vermos fábricas paradas, quedas do sistema elétrico provocadas por sobrecarga e a volta dos apagões. Por isso, o Brasil precisa ampliar rapidamente a produção de energia eólica e solar, que, embora ainda incipientes ante a demanda, já integram oficialmente a matriz energética. 

O papel da energia termossolar 

Vale ressaltar que neste ano, e pela primeira vez, o setor de energia solar térmica (utilizada principalmente para esquentar água em residências) foi incluído no Balanço Energético Nacional (BEN), publicação anual da Empresa de Pesquisa Energética, que tem como finalidade apresentar a contabilização relativa à oferta e ao consumo de energia no Brasil. 

A conquista reflete o grande esforço do setor e a paulatina conscientização dos brasileiros sobre os ganhos econômicos e ambientais do aquecimento solar. Em termos globais, conforme os dados do Solar Heat Worldwide 2022, que usa a base de dados de 2021, o Brasil ficou em segundo lugar entre os países onde o uso de energia termossolar mais cresceu, com 28% de aumento, atrás apenas da Itália, com 83%, e à frente dos Estados Unidos (19%), Grécia (18%), Polônia (17%), Índia (16%) e México (7%). 

Ainda de acordo com o Solar Heat Worldwide 2022, em termos da capacidade instalada de coletores planos, o Brasil aparece em quinto lugar, mas apenas em 31º quando se fala na capacidade instalada por 1.000 habitantes (dados de 2020). A capacidade instalada atual é de 14,7 gigawatts (GW), com os 21 milhões de metros quadrados de aquecedor solar instalados até 2021.