Mesmo com queda do setor, Votorantim Cimentos encerra 2022 com receita 16% maior

Redação – 16.03.2023 – Empresa fechou 2022 com receita líquida de R$ 25,8 bilhões, com lucro líquido chegando a R$ 1,1 bilhão 

A Votorantim Cimentos encerrou 2022 com receita líquida global de R$ 25,8 bilhões, aumento de 16% em relação a 2021. O resultado é fruto da estabilidade no volume de vendas e da dinâmica de preços favorável em todas as regiões em que opera, que mitigaram a pressão de custos e o impacto do câmbio no período. 

O volume total de vendas nos países em que tem operações somou 36,8 milhões de toneladas de cimento, 1% abaixo do comercializado no ano anterior. A companhia registrou lucro líquido de R$ 1,1 bilhão em 2022, 30% a menos que o apurado no exercício anterior. A queda é explicada, principalmente, pelo impacto negativo do aumento de custos no resultado operacional e maior depreciação, referente aos ativos adquiridos nos últimos anos. 

Segundo a empresa, mesmo o cenário global de alta inflacionária e a queda de 2,8% do mercado nacional de cimento em 2022, a Votorantim Cimentos conseguir alcançar resultados que considera sólidos. A empresa diz que, mesmo diante desse quadro desafiador, ela aumentou investimentos – concentrados em melhoria de competitividade – e ampliou novos negócios. A companhia também entrou em novos mercados, como a Espanha. 

O EBITDA (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado atingiu R$ 4,9 bilhões no ano passado, queda de 6% na comparação com o exercício anterior. Já a Margem EBITDA foi de 19% em 2022, redução de 5 pontos percentuais em relação a 2021 devido aos impactos inflacionários da conjuntura internacional nos custos da companhia. O saldo de caixa é de R$ 4,9 bilhões, suficiente para cumprir com as suas obrigações financeiras para os próximos quatro anos. 

Desempenho por região 

No Brasil, a Votorantim Cimentos alcançou receita líquida de R$ 12,7 bilhões em 2022, crescimento de 23% em relação a 2021. A alta dos preços compensou a ligeira queda de volume no mercado de cimento. O EBITDA ajustado foi R$ 2,4 bilhões, resultado operacional ligeiramente maior, de 2%, comparado a 2021. Além da dinâmica de preços implementada, o crescimento dos negócios adjacentes contribuiu para o resultado e mitigou a pressão de custos. 

Na América do Norte, a receita líquida atingiu R$ 7,4 bilhões no ano passado, aumento de 4% em relação a 2021, resultado impulsionado pela demanda positiva dos mercados nos Estados Unidos e Canadá, além do volume de vendas adicional trazido pela McInnis, aquisição concluída em abril de 2021. O EBITDA ajustado da região foi de R$ 1,6 bilhão em 2022, redução de 15%, explicada principalmente pelo impacto da inflação de custos como combustível, matérias-primas e energia, além da valorização do Real ao longo do ano. 

Na Europa, Ásia e África, a receita líquida aumentou 16% em 2022 comparada a 2021, atingindo R$ 3,4 bilhões. O EBITDA ajustado na região foi de R$ 676 milhões, crescimento de 20% em relação ao exercício anterior. Em 2022, Tunísia e Espanha registraram aumento de volume de vendas, tanto orgânico quanto em razão do volume adicional trazido pela fábrica de Alconera, adquiria em outubro de 2021. Apesar do impacto da depreciação do euro no período, o crescimento do resultado operacional é resultado da gestão de preços em todos os países da região, que atenuou a inflação de custos. 

Na América Latina, a receita líquida foi de R$ 812 milhões em 2022, redução de 17% em comparação com 2021. O EBITDA ajustado de 2022 foi de R$ 138 milhões, queda de 42%. O resultado da região foi impactado principalmente pela dinâmica nos mercados do Uruguai, com um novo competidor, e da Bolívia, que sofreu paralisações na região de atuação da companhia devido às manifestações populares, com impacto na gestão de preços e no volume de vendas.  

Investimentos de 2022 

No ano passado, os investimentos da companhia em expansões, modernização e sustentação do negócio (Capex) somaram R$ 2 bilhões, crescimento de 36% em relação a 2021. Entre esses investimentos estão projetos atrelados a melhoria de competitividade, aos compromissos de descarbonização da companhia e a nova operação de moagem e expedição de cimento na cidade de Minas, no Uruguai. 

Em novembro, a Votorantim Cimentos concluiu a aquisição das operações da Heidelberg Materials no Sul da Espanha, que incluem uma moderna fábrica integrada de cimento localizada na cidade de Málaga, três minerações de agregados e 11 usinas de concreto na região da Andaluzia. 

No ano passado, a Votorantim Cimentos também lançou a Motz, sua transportadora digital que atua de forma independente, no modelo de uma logtech. 

Iniciativas sustentáveis 

Outro destaque do ano foi o anúncio da nova meta de descarbonização aprovada pelo Science Based Target initiative (SBTi). A nova meta global, de 475 kg de CO2 por tonelada de cimento, é 8,7% menor que a meta anunciada em seus Compromissos de Sustentabilidade para 2030 e representa também uma redução de 24,8% em relação ao ano base de 2018. 

Em mais uma iniciativa alinhada com sua estratégia de descarbonização, a Votorantim Cimentos pretende modernizar sua fábrica em Salto de Pirapora (SP). O projeto prevê a modernização da linha de produção da fábrica de cimento, em diferentes fases, tendo como um dos principais objetivos elevar o índice de substituição térmica da unidade e reduzir as emissões de CO2, alinhado com os compromissos de sustentabilidade de longo prazo da Votorantim Cimentos. 

A companhia, inclusive, assinou um Termo de Engajamento com a InvestSP, agência paulista de promoção de investimentos e competitividade, para estudos relacionados ao projeto de modernização. A InvestSP apoiará a companhia nas tratativas do estudo de viabilidade e na implementação do projeto, principalmente no relacionamento junto aos órgãos oficiais e seus agentes no Estado de São Paulo.