Artigo: Mãos à obra: o espaço da mulher no setor de construção civil

Tatiana Fasolari* – 29.08.2023 –

A luta para conquistar representatividade em um setor majoritariamente masculino não é fácil. Porém, mesmo assim, as mulheres vêm enfrentando desigualdade de gênero e mostrando capacidade de liderança no mercado da construção civil.

A presença feminina obteve um acréscimo bastante superficial. Segundo o Ministério do Trabalho e da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), entre 2019 e 2021, sua participação avançou de 10,32% para 10,85%, uma alta de 0,53 percentual, enquanto o último Censo da Educação Superior, divulgado em 2021, mostrou que somente 29,3% das vagas do curso de Engenharia Civil eram de mulheres.

Os dados não são suficientes e a classe feminina continua em busca de inclusão. A diferença salarial é um desafio ainda existente no mercado de trabalho, enquanto a igualdade de gênero continua sendo um tópico a ser discutido nas empresas. A luta não é apenas sobre contratação, mas sim oportunidade igualitária de crescimento dentro de cada área.

As mulheres não podem se contentar apenas com cargos simples. O objetivo é a igualdade, para podermos ter as mesmas oportunidades que qualquer homem no mercado de trabalho sempre teve. O caminho é longo, mas estamos indo nesta direção.

No Brasil, foram criados vários projetos para qualificar a mão de obra feminina, entre eles o programa “Mulheres Construindo Autonomia na Construção Civil“, criado em 2012 pelo Governo Federal, com o propósito de ajudar o processo de graduação para mulheres de baixa renda e facilitar a inserção no mercado de trabalho no setor. Graças à competência e autonomia das mulheres, inúmeros estigmas já foram quebrados e o setor que antes era destinado somente para o gênero masculino vem sendo, pouco a pouco, preenchido por figuras femininas.

Ter um cargo de liderança na construção civil é empoderar outras mulheres e dar voz à causa. Mesmo que a presença feminina ainda seja uma minoria, o crescimento continua progredindo e, cada vez mais, mulheres ocuparão espaços que antes não pareciam ser possibilidades.

*Tatiana Fasolari é vice-presidente da Fast Engenharia, maior empresa de overlays da América Latina.