Brasil não tem infraestrutura de gasodutos para implementar o hidrogênio

João Monteiro – 17.09.2021 – Para analista da Vale, a malha é pouca para o tamanho do País e não está capacitada para as características do hidrogênio 

Durante a 9ª Conferência de Energia e Recursos Naturais na América Latina, evento online realizado esta semana pela consultoria KPMG, a analista sênior de Investimentos em Energia na Vale, Juliana Marreco, afirmou que a infraestrutura de gasodutos do Brasil não está preparada para o hidrogênio. De acordo com ela, este combustível é mais leve que gás natural e pode acabar corroendo a tubulação.

Além disso, só é possível misturar entre 15% a 20% do hidrogênio com o gás natural, o que pode não ser viável para o setor de distribuição. “A infraestrutura terá que ser montada do zero, praticamente”, garantiu ela, lembrando que novos investimentos devem ser implementados no setor e que poderiam ser feitos pensando na modernização da matriz energética brasileira.

Mercado de exportação se abre para o Brasil

O hidrogênio tem sido impulsionado como uma nova fonte de energia graças à União Europeia, de acordo com Agnes Costa, chefe da Assessoria Especial em Assuntos Regulatórios do Ministério de Minas e Energias (MEE). Ela explicou que, como os países europeus não muitos recursos energéticos, o hidrogênio apareceu como uma saída, principalmente pensando em uma forma de emitir menos gases poluentes. 

“Para o Brasil, fica a questão da mudança de paradigma, pois abre-se um novo mercado para exportação do hidrogênio ao mesmo tempo que fica o desafio para a implementação no próprio País”, afirma. 

Ela aponta que o ministério tem feito esforços para coordenar o desenvolvimento deste mercado e diz que as diretrizes do programa nacional levaram em conta não só o desenvolvimento tecnológico como também o transporte. Em agosto, o MME entregou o Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2) aos membros do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que está analisando o tema. 

Sobre a infraestrutura de gasoduto no Brasil, Agnes reconhece que ela é pequena para o tamanho do País e que precisa ser aumentada levando em consideração a transição para um novo combustível, seja hidrogênio ou biogás.