Brasil precisa dobrar consumo per capita de cimento para se igualar à média mundial

Redação – 15.06.2020 –

Em uma apresentação promovida pela Feira Concrete Show, o presidente da Cimento Apodi, Emmanouil Mitsou, avaliou que o potencial de consumo de cimento no Brasil ainda está longe do que pode ser atingido. Ele comparou que o consumo per capita do material no Brasil é de 260 kg, enquanto a média mundial é de 500 kg. Se comparado com países que apresentaram desenvolvimento virtuoso nos últimos anos, como a China, a disparidade é ainda maior: no país asiático o consumo chegou a 1,2 mil kg per capita.

Já para o CEO da Cimento Mizu, Roberto de Oliveira, a situação atual com a pandemia da Covid-19 será superada, assim como outras crises que aconteceram em anos passados, mas o que o País necessita é de uma visão de crescimento contínuo. “Por quantos anos queremos crescer? É a pergunta que temos que fazer. Precisamos, no Brasil, das reformas tributária, administrativa e política, que irão oferecer segurança para potenciais investidores nacionais e internacionais ao longo dos anos. Com as reformas devidamente implementadas, podemos atingir um patamar contínuo de crescimento, uma perspectiva de crescer 3% ao ano nos próximos 50 anos”, diz Oliveira.

O CEO da Cimento Nacional, José Eduardo Ferreira Ramos, diz que as reformas e a estabilidade jurídica são questões indispensáveis para o planejamento do País de forma mais organizada. Para ele, a carência de infraestrutura é enorme no Brasil inteiro e a pandemia escancarou as diferenças sociais e tornou ainda mais radical a necessidade de ações coordenadas do Governo Federal neste sentido. “A indústria de cimento está associada a qualidade de vida, uma vez que está inserida na efetiva execução de obras para suprir a falta de saneamento básico em diversas regiões e o déficit habitacional, por exemplo”, afirma.

A dúvida entre os executivos é qual será o real impacto pós-pandemia no setor, porque os efeitos não foram sentidos ainda no mercado de vendas. Com o setor da construção civil em atividade, a venda de cimento a granel por meio das concreteiras está aquecida e o cimento ensacado também mantém números favoráveis em razão da autoconstrução.

O levantamento do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic) mostra que as vendas de cimento cresceram 3% em maio, na comparação anual, somando 4,8 milhões de toneladas. Entre janeiro e maio, houve uma queda de 0,3% em relação ao mesmo período de 2019.

Segundo o Snic, os números estão sob o efeito da continuidade das obras imobiliárias formais, dos reflexos das medidas de auxílio emergencial familiar por parte do governo, além do uso de reservas pessoais para pequenas obras e reformas. Tais fatores, somados a uma inflação baixa, têm sustentado a massa salarial que, aliada ao fato de as pessoas permanecerem mais em casa, impulsionou a chamada autoconstrução, realizada pelo proprietário.