Com novas carregadeiras médias, Cat vislumbra outros mercados

Por Rodrigo Conceição Santos – 06.12.2016 –cat-serie-m

Com possibilidade de novas aplicações na produção de concreto dosado, areia de brita e área florestal, a fabricante pretende também ganhar market share em clientes tradicionais, como os da mineração.

A Caterpillar atualizou a série de pás carregadeiras médias, com caçambas de 2,5 a 5,4 m³ de capacidade de carga, no Brasil. As máquinas das séries L e M levam melhoramentos que visam principalmente reduzir o consumo de combustível em comparação à linha antecessora, da sigla H. Para atender o Brasil e América Latina, o investimento foi de cerca de 3 milhões de dólares, usados na adaptação da linha de produção, modelo de comércio, etc.. “Mundialmente foram mais de 17 milhões de dólares investidos no desenvolvimento dessas linhas”, diz Odair Renosto, presidente da Caterpillar Brasil, salientando que o lançamento mundial ocorreu há cerca de dois anos.

Antes de mais detalhes sobre os lançamentos para o Brasil, o executivo da Caterpillar explica que a diferença básica entre a série L e M é que a última é operada por joystick, enquanto a primeira por volante. No mais, ele explica, ambas levam configurações diferentes, como maior distância entre eixos (11 mm) e, consequentemente, melhoria do centro de gravidade para dar mais segurança operacional.

Marcio Vieira, gerente de produto da Caterpillar, destaca melhoria técnica no sistema hidráulico, que conta com uma espécie de detecção de carga. Desse modo, conta ele, a máquina opera sob medida no ataque à pilha de materiais a ser carregado, dispensando mais ou menos força hidráulica de acordo com a demanda. “No sistema de transmissão adicionamos a tecnologia lock-up clutch, que faz com que a potência do motor seja atuada diretamente, sem perda nos intervalos entre as trocas automáticas de marchas. Assim, a força das rodas durante o ataque à pilha de materiais é aumentada, melhorando o tempo de ciclo de carregamento”, diz.

Com essas e outras modificações, garante ele, a potência das máquinas das séries L e M está 10% superior à linha antecessora da Caterpillar. “Já o consumo de combustível foi reduzido de 10% a 15%”, salienta.

Outra novidade destacada por ele é o sistema de pesagem em tempo real. As máquinas levam sensores, posicionados próximos ao cilindro hidráulico e que medem o peso carregado na caçamba com acuracidade mínima de 98%. A informação permite que o operador programe a quantidade de caçambadas necessárias para encher o caminhão basculante e o sistema vai aferindo cada ciclo. “Inclusive, é possível que ele despeje parte do material da caçamba para terminar de preencher um basculante e já se dirija com o material restante – tudo com o peso em tempo real – para iniciar o carregamento do caminhão seguinte”, conta Vieira.

Mercado
As programações de lançamento da Caterpillar, assim como a maioria dos grandes fabricantes de equipamentos pesados, não estão ligadas diretamente ao momento de mercado. Segundo Odair Renosto, esses são processos definidos com antecedência e que geralmente são aplicados mesmo se determinado setor está em baixa.

É o que ocorre agora no Brasil em relação a toda a linha amarela de equipamentos, que deve registrar queda de 36% neste ano e que caiu mais de 50% no ano passado, segundo a Sobratema.

Somente as vendas de carregadeiras devem ser 31% menor em 2016, quando todas as fabricantes juntas devem vender pouco mais de 2,2 mil unidades. “Todavia, sabemos que quando temos produtos mais avançados, aumentamos a fatia de mercado e não deve ser diferente com essa nova linha de pás carregadeiras”, diz José Eduardo Fonseca, gerente comercial para as carregadeiras médias da Caterpillar. “Esses equipamentos têm tido boa entrada em operações de suporte à mineração pesada (carregamento de ferro, principalmente) e, esperamos que com a volta da construção pesada, ganhe mais aplicações em infraestrutura também”, completa.

Renosto avalia que pedreiras, incluindo as que passam a produzir areia de brita, são potenciais clientes para as novas carregadeiras médias e também vislumbra oportunidades de encaixar algumas unidades em produções de concreto dosado em central. “A industrialização do mercado de concreto tem muito espaço para crescer no Brasil e, dependendo do tamanho da operação, até mesmo as maiores carregadeiras dessa série podem ser utilizadas com alta produtividade”, conclui ele.