Como cuidar dos elementos de desgaste dos britadores

Da Redação – 29.11.2016 –

Há diferentes peças de desgaste para os britadores cônicos, de mandíbulas ou de impacto, sendo que para no primeiro, as partes expostas ao desgaste estão nas mantas e revestimentos. No segundo tipo de britador são as mandíbulas e as cunhas laterais e nos britadores de impacto se classificam como materiais de desgaste as barras e os martelos. Em qualquer um deles, a escolha correta da dureza, ductilidade, abrasão e vida útil do revestimento está diretamente relacionada à atividade de britagem e à sua produtividade.

Em pedreiras, os revestimentos das peças de desgastes dos britadores são em grande parte feitos em aço manganês. Este ainda é o grupo de liga mais usual por ter alta ductilidade e baixa dureza inicial. Além disso, tem uma característica peculiar conhecida como encruamento, que ocorre quando a peça é submetida a altos impactos. Com isso, a sua estrutura superficial é modificada com aumento da dureza, enquanto as características internas iniciais são mantidas. Esse fenômeno ocorre com intensidade variável em função da severidade da aplicação e quando a dureza superficial do aço pode chegar a 500 HB, o que possibilita aliar a resistência ao impacto com a resistência à abrasão.

Mas algumas aplicações específicas utilizam aços de baixa liga em parte ou em toda a composição da peça exposta ao desgaste por contato com o corpo britado. A escolha dessa liga leva em conta tanto a severidade da aplicação quanto o risco da menor resistência ao impacto. Entende-se como severidade de aplicação a combinação de fatores como material processado, tipo de equipamento, estágio e condições de operação do equipamento. Porém, ela tem como característica a dureza inicial acima de 500 HB, o que lhe confere maior abrasividade e vida útil, principalmente quando aplicada em britadores cônicos e em alguns britadores de impactos, como o de martelos e o de barras.

Durabilidade
A escolha correta do revestimento do britador também deve levar em consideração o material que será processado, inclusive avaliando se o material possui características distintas entre rochas de locais diferentes e até mesmo dentro da própria mina. No todo, porém, duas características da brita processada são essenciais na escolha do material de desgaste: o Wi (work índex) e o Ai (abrasion índex).

De maneira prática, pode-se dizer que o Wi é um índice que mede a energia aplicada para reduzir o material de uma certa granulometria para outra. Em suma, um material com Wi alto é difícil de britar. Já o Ai mede o quão abrasivo é o material.

Apesar de parâmetros pré-estabelecidos da vida útil do revestimento escolhido  – avaliando, obviamente, o material a ser processado – o indicado é que cada operação escolha o seu revestimento como forma única, pois há variações da vida útil e produtividade de acordo com os índices de abrasividade e ductilidade do material.

Hora da troca
Mesmo se considerando a correta escolha do revestimento, o que lhe conferirá vida útil longa, uma hora será necessário trocá-lo, de acordo com prazo já pré-estabelecido. Nesse caso, é preciso que três aspectos sejam corretamente avaliados. O primeiro deles é o mecânico, ou seja, as condições do equipamento, componentes e peças de desgaste – como encaixes, apoios, fixação, material de encosto, travamentos, reapertos, folgas, disposição dos pesos, etc. – devem ser validadas por mecânico especializado.

A troca do revestimento também só será bem-sucedida se houver uma organização na tarefa. Para isso, é preciso primeiramente planejar os pontos que serão executados e ver se todos os recursos indicados pelos fabricantes estão disponíveis para, somente depois, começar a troca. O último procedimento leva em conta a funcionalidade das peças de desgaste, considerando aspectos como o nível de desgaste, prática adequada das viradas e trocas e aplicação da cavidade especificada para o equipamento.

Para saber se é a hora de trocar o revestimento, alguns indicadores podem ser observados, como, por exemplo, a produtividade horária do equipamento. Ao longo da vida útil, os revestimentos sofrem variações que, em geral, podem ser representada pela curva e fases.

A regulagem da abertura de trabalho também indica se é hora de trocar o revestimento, pois, após certo nível de desgaste, os limites físicos dos equipamentos podem impedir que se consiga manter a abertura necessária de saída do material britado e isso indica que o revestimento já não está eficiente.

O aproveitamento em peso das peças é outro indicativo da viabilidade do material de desgaste em questão. Isso porque os parâmetros da cavidade de britagem se alteram ao longo da vida útil dos revestimentos, portanto, eles são estudados a fim de se obter um aproveitamento aproximado de 50% dos seus pesos.

Por fim, o próprio desgaste visível da peça indica que é hora de trocá-la. Geralmente, esse desgaste é localizado, ou seja, uma má regulagem da abertura de trabalho, ou a incidência de peças com granulometria diferente da indicada e até mesmo o volume e o fluxo de alimentação, podem provocar desgastes localizados e que tem como consequência alterações significativas no perfil da cavidade.