Construção pré-fabricada volta com novo modelo

Nelson Valêncio – 24.06.2019 – A construção pré-fabricada não é novidade, mas ficou marcada, em projetos residenciais, pela imagem de feia, barata e como opção de qualidade menor em relação aos métodos produtivos tradicionais. Pois bem, o cenário pode mudar com as novas tecnologias que invadem o mercado de construção, incluindo a digitalização e a adoção de novos materiais construtivos. Essa é, pelo menos, a aposta da consultoria McKinsey, detalhada no relatório Modular construction: From projects to products, recém-lançado.

A conjunção dos novos materiais com as tecnologias digitais, segundo os especialistas da consultoria, devem aperfeiçoar as capacidades de projeto e aumentar sua variabilidade, além de aumentar a produtividade e a precisão na fabricação dos novos produtos e nas instalações de logística. Outro fator impulsionador é a demanda da indústria imobiliária – crescente em vários locais – com os custos de mão de obra especializada. Em lugares como a Costa Oeste dos Estados Unidos e nas maiores cidades alemãs, a construção modular pode resolver isso por não exigir uma mão de obra intensiva.

Nós já temos batido nessa tecla da construção 4.0 como um dos temas do InfraROI e é interessante notar a listagem da McKinsey da economia de custos e do aumento de produtividade com a construção modular ou pré-fabricada. De acordo com ela, a velocidade de construção em projetos que adotam a tecnologia é 50% maior em relação a projetos tradicionais e pode reduzir os custos, de forma geral, em 20%. Considerando somente o mercado dos Estados Unidos e Europa, seria um mercado de 130 bilhões de dólares em 2030, com redução de custos estimado em 22 bilhões de dólares.

A lição de casa, no entanto, inclui uma atitude assertiva e exige a otimização cuidadosa da escolha de materiais, o melhor uso entre painéis 2D, módulos 3D e projetos híbridos, além de mudanças desafiadoras em termos de design, fabricação, logística e montagem. O mercado também deverá atingir escala e repetibilidade para manter as principais vantagens do modelo. A pergunta final é como poderemos traduzir esse desafio para projetos de infraestrutura maiores e ganhar em produtividade e redução de custos.