Construtoras e concreteiras debatem eficiência na concretagem

Da Canaris Informação Qualificada – 15/03/2017 –

Especialistas se reúnem, em São Paulo, para discutir soluções voltadas à maior produtividade em operações de bombeamento de concreto.

Apesar da queda na demanda de concreto produzido em centrais nos últimos anos, como em todos os demais segmentos da economia brasileira, as perspectivas para o setor continuam firmes em médio e longo prazo diante das possibilidades de expansão desse mercado. Afinal, em se confirmando as projeções de retomada, que apontam o ano de 2017 como ponto de inflexão, em 2018 a produção de cimento voltará aos patamares de 2014, na faixa de mais de 70 milhões de toneladas por ano.

Desse volume, entretanto, pouco mais de 22% continuaria sendo consumido pela cadeia de concreto produzido em central, diferentemente dos Estados Unidos e Europa, onde a participação do setor no consumo de cimento chega, respectivamente, a cerca de 70% e a mais de 90%. Esses números confirmam o potencial de crescimento do setor, não apenas no mercado imobiliário ou nos grandes canteiros de construção, onde sua participação já se mostra expressiva, mas principalmente nas pequenas reformas e obras residenciais particulares, o chamado “mercado formiga”.

Independentemente do segmento de mercado atendido, entretanto, um aspecto dessa cadeia produtiva requer maior atenção, para a efetiva produtividade do serviço de concretagem. Trata-se do lançamento de concreto a alturas elevadas, no qual o bombeamento figura como a alternativa consagrada. Este trabalho, produzido a partir de entrevistas com pesquisadores, profissionais de concreteiras, fornecedores de equipamentos e produtos usados na mistura do concreto, assim como o cliente final, ou seja, as construtoras, tem o objetivo de discutir os problemas encontrados nesse processo e buscar as soluções para eles.

Ele integra um e-book sobre concretagem produtiva, produzido pela Canaris Comunicação Especializada, que estará disponível a partir do mês de abril. Mas nas próximas semanas postaremos neste espaço alguns extratos deste conteúdo editorial qualificado. A meta é lançar um debate entre especialistas do setor, que já tem data e local confirmados: trata-se do Fórum InfraROI de Concretagem Produtiva, programado para o dia 12 de abril, no Hotel Sheraton WTC, em São Paulo.

Responsabilidades da construtora

Para os especialistas do setor, a busca de maior eficiência no bombeamento de concreto requer o envolvimento de todos os envolvidos nesse processo, desde a usina até o consumidor final. A construtora, que representa o elo final dessa cadeia também tem um papel importante, na medida em que é quem paga a conta. Para ela, em resumo, o fundamental é que o concreto seja aplicado com a resistência requerida e comprado por bons preço e prazos adequados na entrega e execução do serviço. Demanda simples? Definitivamente não, respondem os especialistas, pontuando uma complexidade que muitas vezes é causada pela própria construtora, que não age diretamente na especificação e fiscalização do concreto contratado.

“Infelizmente, a adoção de traços de concreto inadequados ocorre com frequência, pois a mistura é comprada pelo setor de suprimentos da construtora, que pouco conhece de tecnologia e também recebe um pedido especificado inadequadamente pelo responsável técnico da obra”, afirma Paulo Helene, professor titular da Universidade de São Paulo, sócio da consultoria Phd Engenharia e um dos grandes especialistas latino-americanos em tecnologia de concreto e patologias em construção.

Ele destaca que, diante desse cenário, muitas vezes o departamento comercial das concreteiras acaba vendendo “um concreto tecnicamente mal especificado”. Indo direto à ferida, o especialista afirma que o quesito preço ainda prevalece sobre o tecnológico no Brasil, gerando prejuízos para ambos os lados do processo (concreteira e construtora), além da perda para a sociedade, que recebe estruturas menos seguras, bem como edificações que não primam pelo conforto ou a adoção de processos ambientalmente corretos.