Desastres naturais custam R$ 9 bi para infraestrutura ao ano

Da Redação – 11.12.2017 –

PPI, principal ação do governo Temer para estimular o setor da infraestrutura, desconsidera perdas geradas por ações climáticas, defende relatório.

A principal iniciativa de infraestrutura do governo de Michel Temer, Programa de Parcerias de Investimento (PPI), não considera riscos climáticos. A afirmação é de Natalie Unterstell, consultora e diretora de riscos e oportunidades ambientais do projeto Infra2038. Ela publicou relatório recentemente pela ONG WWF-Brasil onde demonstra que as perdas ambientais também custam dinheiro aos cofres públicos.

No documento, chamado “Decisões sobre infraestrutura considerando riscos climáticos: Guia prático para decisões com impacto no longo prazo no Brasil”, ela analisa a relação entre mudança do clima e infraestrutura, orientando tomadores de decisão no sentido de reconhecer os riscos climáticos incidentes em empreendimentos de longo prazo. Essa conta chegaria a R$ 9 bilhões anualmente, valor gasto no Brasil com desastres naturais que atingem a infraestrutura.

“Incorporar a análise sobre riscos climáticos na tomada de decisões de setores estratégicos para o Brasil, como o de infraestrutura, é fundamental para alavancar um desenvolvimento sustentável no país. Ao assegurar uma infraestrutura planejada, que se prepara para lidar com eventos extremos, estaremos evitando perdas econômicas altíssimas e promovendo benefícios para a economia do país e bem-estar para a população”, diz Mauricio Voivodic, diretor executivo do WWF-Brasil.

Segundo ele, cenários de redução de precipitação de chuvas na região Norte, assim como aumento de chuvas na região Sudeste e elevação do nível do mar em regiões litorâneas do país, já apontam para prejuízos diretos em infraestruturas de energia e transportes. Tendo isso em vista, o relatório sugere que um esforço para aumentar a qualidade da infraestrutura no Brasil deve necessariamente considerar os riscos climáticos.

“A infraestrutura requer investimentos de longo prazo e os custos para sua recuperação, quando afetada por desastres e eventos extremos, estão entre os mais elevados. Como atualmente não há qualquer intervenção no sentido de considerar dados climáticos futuros na contratação, na construção e na operação dessas infraestruturas, o senso comum indica que elas estão sob ameaça”, comenta Natalie Unterstell.

O relatório também apresenta um conjunto de ferramentas adotadas em diversos países por governos e bancos multilaterais de desenvolvimento com metodologias que avaliam riscos climáticos incidentes sobre a infraestrutura. Essas ferramentas podem auxiliar na tomada de decisão tanto de gestores públicos, quanto de investidores e financiadores.