Falta de planejamento prejudica mobilidade urbana

Redação – 20.09.2019 –

Especialista indica soluções de longo prazo para metrópoles brasileiras

A atual estrutura viária de São Paulo é insuficiente para cobrir as demandas de deslocamentos da população paulistana. A avaliação é do diretor da Federação Internacional Imobiliária (Fiabci/Brasil) Luiz Augusto Pereira de Almeida. Para ele, a falta de planejamento está na raiz do problema e as soluções só virão com ações de longo prazo. Ele cita como exemplo a adoção de corredores de ônibus em avenidas que não suportam o tráfego de 30 ou mais ônibus enfileirados em horário de pico.

“Temos ruas planejadas há décadas, para o trânsito de uma quantidade determinada de carros por hora, mas que, em determinados momentos, recebem o triplo desse total”, complementa. “Soluções para esses problemas precisam ser baseadas no planejamento urbano, com uma visão a longo prazo, pois algumas delas são caras e podem demorar anos para serem concluídas”, afirma.

Na avaliação dele, para cidades com forte adensamento urbano e recursos financeiros, o metrô é uma boa opção, justamente por ser rápido, seguro e eficiente. “O problema é que é caro e demora para ser construído. Dependendo do tamanho e complexidade, o quilômetro construído pode custar milhares de dólares. Para se ter uma ideia, no caso da linha 4 do metrô de SP, o valor médio é de US$ 220 milhões”, detalha Almeida.

Corredores pedem menos investimentos e VLT podem avançar apesar dos custos 

Ele lembra que os corredores de ônibus são mais viáveis, mais rápidos para ser implementados e com menor custo (cerca de US$ 10 milhões por quilômetro, em média), mas precisam ser implementados de modo que os motoristas optem por trocar seus carros pelo coletivo. “Isso, sem falar na qualidade do veículo”, comenta.

Almeida destaca ainda outras opções que estão sendo adotadas no Brasil, como o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que enfrenta dificuldades de implantação por causa dos custos, mas que têm apresentado bons resultados para deslocamentos curtos, e formas alternativas como patinetes elétricos e bicicletas pay-per-use. Nos dois últimos casos, o desafio são as limitações pela falta de segurança. Ele lembra que foram construídos mais de 400 km de ciclovias em São Paulo, mas 90% delas são ciclofaixas que, apesar de baratas e de fácil implementação, são inseguras e de difícil manutenção.