Fundo Brasil-China terá US$ 20 bi para investimentos

Da Redação – 17/05/2017 –

Fundo binacional entra em operação em junho e governo brasileiro já seleciona os projetos candidatos a financiamento, incluindo a implantação da Ferrovia Ferrogrão.

O fundo criado pelo Brasil e China, para viabilizar os investimentos do país asiático em projetos de infraestrutura brasileiros, começa a funcionar no mês de junho com uma mudança em relação ao seu projeto original. Há dois anos, quando o presidente Xi Junping visitou o país, o anúncio era de que esse fundo binacional somaria US$ 50 bilhões em recursos para financiamento. Mas segundo para o Ministério do Planejamento, ele entrará em operação com um montante de US$ 20 bilhões, integralizados na proporção de um dólar do Brasil para cada três da China.

Apesar da redução, ainda se trata de um volume de recursos considerável. O fundo Brasil-China será lançado no próximo dia 30, durante o evento Brasil Investment Forum, que contará com a participação do presidente Michel Temer e de executivos de grandes grupos internacionais. Na ocasião, será anunciada uma lista de 30 projetos candidatos a esta linha de financiamento. A ferrovia Ferrogrão, projetada para escoar a produção agrícola de Sinop (MT) ao porto de Miritituba (PA), é dada como presença garantida nessa lista diante do interesse de investidores chineses no empreendimento.

O financiamento de projetos de infraestrutura é um ponto central do fundo, mas ele também se destina às áreas de tecnologia, manufatura e agronegócio. Os chineses insistem na inclusão da Ferrovia Bioceânica entre os projetos a serem financiados, mas o Brasil vem resistindo à ideia, já que a obra tem um custo avaliado em US$ 80 bilhões, para ligar os centros produtores de grãos do país ao Oceano Pacífico. Com isso, o país corre o risco de ficar fora de um movimento que vem concentrando os maiores investimentos e tráfego de comércio internacional, pois, como contraponto à desistência americana ao Acordo Transpacífico, a China ressuscitou o projeto da milenar “Rota da Seda”.

De qualquer forma, o prestígio do Brasil pode ser mensurado pela composição da diretoria do fundo, que terá três conselheiros de cada lado, responsáveis por selecionar os projetos de interesse comum e recomendar seu financiamento aos bancos participantes. Vale ressaltar que a China mantém 15 fundos de investimentos com outras nações, mas este é o único em que as decisões são paritárias.

Do lado brasileiro, os recursos aportados ao fundo binacional sairão do FI-FGTS (Fundo de Investimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Trabalho) e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). No lado chinês, a operação ficará com o Claifund, o fundo que o país mantém para financiamentos à América Latina, sendo que 85% dos recursos virão de reservas internacionais e o restante, do Banco de Desenvolvimento da China.