IBM, Intel e Big Data entram no mercado imobiliário

Da Redação – 13.11.2017 –

Projeto Soul, em São Paulo, da Vitacon, avança no conceito de prédio totalmente conectado. Já a Buildings Pesquisa Imobiliária lança mão do mundo de dados para entender melhor o setor

Os prédios inteligentes – antes restritos a imóveis corporativos de alto padrão – estão entrando numa nova fase. É o caso do projeto Soul, em São Paulo, que reúne a construtora Vitacon com as gigantes high techs IBM e Intel. Com base na plataforma dessas duas últimas, o empreendimento vai permitir que startups e parceiros das três empresas apresentem inovações em um laboratório, com um apartamento “totalmente conectado”. A iniciativa vai reunir opções inteligentes para vida urbana, tradução da sigla Smart Options for Urban Life, o Soul, a alma da iniciativa.

A primeira etapa do projeto é o laboratório, que deve funcionar para testar e aplicar inovações de casa inteligente baseadas em Internet das Coisas (IoT). Aliás, o edifício também tem um dedo da Associação Brasileira de Internet das Coisas (Abinc). O projeto terá uma interface de programação de aplicação (API) aberta, o que facilita a instalação de sensores para medição e monitoramento de consumo de água, energia, gás e detecção de movimento e proximidade, além do acompanhamento da luminosidade e temperatura.

O conjunto de tecnologias inclui ainda sistemas de notificação sem fio via Bluetooth e Wi-Fi e dispositivos para interligar a rede central do prédio à de cada morador, além de câmeras de vigilância inteligentes. “O objetivo é testar a aplicação da tecnologia no dia a dia de pessoas convivendo em um ambiente real e sentindo o profundo impacto de se ter tudo conectado e integrado, desde a chegada ao edifício até a entrada no apartamento, e a circulação entre quarto, sala, banheiro e cozinha”, diz o comunicado oficial da Vitacon.

Na segunda fase do projeto, as tecnologias mais maduras e integradas serão aplicadas em um edifício da Vitacon na Faria Lima, cuja construção começa em 2018. “Vamos reinventar a experiência de morar através da tecnologia” explica Alexandre Lafer Frankel, CEO da Vitacon. “Nós entendemos que o mercado imobiliário deve criar experiências, promover o empreendedorismo e criar cidades mais inteligentes. Estamos criando um futuro em que os prédios receberão atualizações e aplicativos exatamente como um smartphone.”

E as duas gigantes, como entram no processo? No caso da IBM, a contribuição é a reconhecida plataforma Watson, de inteligência artificial para negócios, principalmente com foco em IoT, assim como alguns projetos em colaboração com sua área de pesquisa, IBM Research. Já a Intel entra com sua arquitetura para casas inteligentes por meio de uma série de diapositivos e software de parceiros e desenvolvedores, incluindo soluções para identificação, segurança e autenticação. A empresa também agrega recursos de sensoriamento e controle por voz, gestos ou automáticos e monitoramento e controle de recursos públicos (água, gás, energia, esgotos etc.), tanto para os apartamentos quanto para o edifício.

Big Data imobiliário cruza informações de mercado

Não ligado diretamente ao empreendimento da Vitacon, outra empresa, a Buildings Pesquisa Imobiliária, inova com o uso do Big Data no mercado imobiliário. A ideia é aprimorar sua ferramenta de monitoramento de banco de dados do setor, a CRE Tool. A empresa tem um registro de 2.812 prédios em São Paulo (16,9 milhões de m²) e de 1.448 no Rio de Janeiro (10,3 milhões de m²), além dos 2.178 que ficam em outras localidades (11 milhões de m²). No mercado de condomínios de galpões logísticos, são 22,4 milhões de m² em 886 empreendimentos. Com isso, são 60,6 milhões de m², em 7.324 imóveis, que são monitorados e atualizados trimestralmente.

Além do universo de empreendimentos monitorados, a Buildings tem uma experiência de 12 anos de histórico de mercado, tanto nos segmentos corporativos como no de condomínios industriais. “Sempre monitoramos os ocupantes, proprietários, imobiliárias, construtoras, incorporadoras e os demais players do mercado imobiliário”, explica Fernando Libardi, diretor da Buildings. O know how da companhia originou o projeto que o executivo chama de Real Estate Big Data.

A novidade é o módulo Empresas do CRE Tool, uma plataforma de análise que cruza e consolida dados das empresas no mercado imobiliário, mostra comportamentos, aponta tendências e centraliza informações numa única base. Dados sobre imóveis ocupados, tipos de perfis, valores de contrato e outros podem ser acessados e analisados em conjunto, de acordo com a Buildings.