Carros autônomos precisam de 5G afinado nas estradas

Nelson Valêncio – 29.04.2019 – A prometida aceleração da velocidade das redes de quinta geração (5G) vai impactar a ativação dos projetos de veículos autônomos. É o que defende Eric LeCalvez, vice-presidente para Telecom Segment and Strategic Global Telecom da  Vertiv em artigo publicado nessa semana no site Data Center Dynamics. Para ele, “os veículos conectados são uma das fortes oportunidades que ajudam a indústria de telecomunicações a recuperar o investimento pesado em redes 5G”. Mas ele se pergunta se as operadoras de telecomunicações estão pra isso.

De acordo com LeCalvez, os carros conectados estão atingindo as estradas, mas precisarão de uma rede 5G. Só no ano que vem devem ser 250 milhões de carros conectados nas estradas de acordo com o Gartner. “Embora esses não sejam os carros autônomos da ficção científica, eles terão conexões sem fio que podem suportar alguns processos automatizados de direção, infotainment e telemática para aumentar a segurança nas estradas”, avalia o especialista.

Ele destaca que as iniciativas envolvem vários sistemas. Um deles é o veículo-veículo (V2V), protagonizado por montadoras como Renault, Toyota e Hyundai. Trata-se de uma tecnologia de curto alcance que usa uma banda exclusiva de espectro para comunicação entre carros. LeCalvez lembra que ela já está disponível e por isso não haverá atrasos na introdução de veículos com características de segurança conectadas às nossas estradas.

As teles, por outro lado, são a favor de um sistema celular de longo alcance, em que carros compartilham as ondas de rádio ao lado de sinais de telefones celulares e outros dados de tráfego. Junto com elas há um grupo de montadoras como Volkswagen e BMW. Faz sentido que as operadoras de telecom estejam nesse grupo, pois vão aportar grandes investimentos em redes 5G e é necessário monetizar o aporte.

O V2V permitirá que os veículos falem entre si, permitindo que os carros se aproximem muito mais nas estradas, sincronizando as reações para evitar acidentes. No entanto, LeCalvez ressalta que os veículos devem poder se comunicar com infraestrutura nas proximidades e até pedestres. Isso adiciona uma nova dimensão às maneiras pelas quais a automação pode reduzir lesões e mortes na estrada. Isso também significa que o fluxo de tráfego será melhorado rastreando redes de veículos para determinar as rotas menos congestionadas.

O segundo tipo de interação vem sendo chamado de veículo-para-tudo (V2X). “A funcionalidade necessária para ativá-los dependerá da implementação de redes móveis 5G. O V2X será mais lento que o V2V, mas, em última análise, mais holístico em termos de criação de um sistema rodoviário mais inteligente e seguro”, ressalta o especialista.

A aplicação do V2X vai exigir uma rede 5G afinada, assim como a estrutura de data centers. Como a baixa latência é um dos requisitos fundamentais do V2X, é preciso que as operadoras aproximem o seu processamento da infraestrutura rodoviária – o que geralmente é um ponto cego dos dados atualmente. “Isso pode ser alcançado por meio de uma rede de data centers de ponta”, antecipa LeCalvez. Outra aplicação dos recursos de data centers está na análise de dados de carros autônomos. O volume será grande e é preciso armazená-los antes de aplicar técnicas de Big Data Analytics.

“Os datacenters devem fornecer infraestrutura subjacente para gerenciar os maiores requisitos de computação e armazenamento que os carros conectados gerarão. De fontes de alimentação CA e CC a servidores, racks, switches, espaço, energia, resfriamento e gerenciamento remoto, cada elemento do data center deve estar operando com a melhor capacidade e capacidade de ponta para permitir uma análise de dados significativa, grande parte lugar em tempo real”, detalha LeCalvez. Eis mais um detalhe de atenção para a janela de oportunidade do 5G.