IoT, computação em nuvem e 5G definem mercado de prestadoras de serviços de telecom

Nelson Valêncio – 18.10.2016 –

O engenheiro e físico Hélio Bampi, diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Soluções de Telecomunicações e Informática (Abeprest), fez uma radiografia dos três desafios que batem à porta das prestadoras de serviços que atuam no mercado da entidade: 5G, IoT e computação na nuvem. Para o executivo, que palestrou nessa manhã durante a Futurecom, as empresas do segmento precisam adaptar-se ao novo cenário, aproximando-se mais de seus clientes – as operadoras – para entender como podem permanecer no mercado.

O avanço da Internet das Coisas (IoT) é um exemplo. Bampi citou pesquisas que indicam a presença de 50 bilhões de dispositivos conectados em 2020, o que levaria a uma densidade per capita de 7 dispositivos interligados/habitante no mundo. Somente na área de mobilidade e transporte público, o executivo destaca que as economias podem chegar a US$ 1,6 trilhão com uso de IoT. Outro exemplo citado por ele é o consumo de energia: o uso de comunicação máquina a máquina (M2M) poderia reduzir em 50% as perdas de sistemas ineficientes de corrente alternada de alta tensão (HVCA) nos Estados Unidos.

Já as redes de quinta geração (5G) devem reduzir os custos de banda larga e vão atuar em nichos como a indústria automobilística, onde sistemas inteligentes poderão diminuir em 90% os acidentes, minimizando erros humanos ou reações lentas em caso de colisão. Bom, o que tudo isso tem a ver com as associadas da Abeprest, geralmente focadas em contratos de instalação ou manutenção de redes físicas das operadoras? Simples: elas serão afetadas diretamente pelas mudanças em curso.

Para Bampi, a legislação brasileira, incluindo a tributária e a trabalhista, não contempla as mudanças. Um exemplo são os serviços remotos que podem ser prestados, no futuro, por uma empresa associada à Abeprest, usando recursos de IoT. Como ela se encaixaria na legislação e como ela poderia ser tributada? A resposta não está na nuvem, pelo menos por enquanto. Avaliações como essas vão influenciar a vida de cerca de 70 mil profissionais que atuam no segmento.

Além dos desafios tecnológicos, as companhias do setor enfrentam ainda situações sui generis de roubos. Com atuação em oito estados, especificamente em rede externa, a empresa de Bampi tem um histórico de roubos de equipamentos valiosos. Segundo ele, há uma indústria de encomenda. “Oitenta por cento, em média, dos equipamentos rastreados são recuperados”, informa falando de sua empresa. O roubo “programado”, é outra categoria: cortam-se propositalmente cabos de fibra óptica de um grande backbone e espera-se pelas equipes de reparo. Simples assim, sem IoT, 5G e computação em nuvem.