Japão estuda queima de amônia em termelétricas

Da Redação – 14.03.2017 –

Pesquisa reúne empresas do setor, universidades e órgãos do governo para desenvolver uma tecnologia que reduza a emissão de gases poluentes em usinas mais antigas.

Um grupo de empresas de energia do Japão se uniu a órgãos governamentais e universidades do país para desenvolver uma nova tecnologia destinada a reduzir a emissão de gases poluentes em suas usinas termelétricas a carvão. A lista reúne companhias como a Kansai Electric Power, a Osaka Gas e a Chubu Electric Power em torno de uma ideia simples, porém eficaz: a queima de amônia juntamente com carvão em termelétricas mais antigas pode reduzir em pelo menos 20% as emissões de dióxido de carbono nessas usinas.

O projeto toma como base um trabalho desenvolvido pela Universidade de Tohoku e em outros centros de pesquisas japoneses. Seu objetivo é limitar as emissões de óxido de nitrogênio da amônia a níveis que possam ser manipulados com as tecnologias de lavagem de gases existentes atualmente. Os testes de campo estão programados para começar ainda este ano, com o propósito de viabilizar comercialmente a adoção da tecnologia até o início dos anos 2020.

A adição de amônia ao carvão reduziria o uso deste último insumo, bem como as emissões de dióxido de carbono, uma vez que o amoníaco – que não contém carbono – não libera CO2 quando queimado. A adoção desta tecnologia em usinas térmicas envelhecidas as colocaria em condições de igualdade com as novas instalações no quesito emissão de gases, reduzindo a necessidade de novos investimentos na sua adequação ambiental.

Se 70 usinas termelétricas japonesas mudarem sua matriz energética para uma mistura de carvão e amônia, as emissões de CO2 cairão em cerca de 40 milhões de toneladas por ano, o equivalente a cerca de 3% do total anual produzido no país. Em compensação, cada planta desta registraria um aumento de custo de geração de energia em cerca de 30%, atingindo algo em torno de 7 ienes por kilowatt-hora.

Mesmo com esse acréscimo nos custos, a nova tecnologia seria mais vantajosa que a energia nuclear, que custa cerca de 10 ienes por quilowatt-hora, e a eletricidade a partir de usinas a gás natural, que custa cerca de 14 ienes. A queima de carvão responde por cerca de 30% da produção total de energia do Japão. Com o progresso ainda lento na reinicialização de reatores nucleares ociosos, após o terremoto e tsunami de 2011, o governo vê o carvão como uma fonte de energia estável.

Outro problema a ser resolvido é que a produção de amônia emite dióxido de carbono, e não pouco. Para produzir amônia (NH3), é preciso juntar o nitrogênio do ar com hidrogênio. Este último é produzido a partir de gás natural ou carvão e as reações químicas para extraí-lo emitem dióxido de carbono. Calcula-se que as emissões desses gases sejam entre 2 mil e 4 mil toneladas para cada tonelada de amônia. Como o fator de emissão do carvão é pouco mais do que 2 mil toneladas de CO2 por tonelada de carvão, talvez o resultado não seja tão vantajoso quanto se espera da nova tecnologia.