Má gestão hídrica afeta setores agrícola e de energia

Da redação – 29.08.2016

Documento do Banco Mundial aponta os principais obstáculos que o Brasil deve enfrentar a fim de estabelecer um modelo sustentável no gerenciamento de água.

Mesmo detendo quase um quinto das reservas hídricas do mundo, o Brasil ainda precisa avançar na gestão de água. Essa foi uma das questões discutidas pelo estudo mais recente do Banco Mundial, denominado Diagnóstico Sistemático de País (SCD, da sigla em inglês). Além de abordar a forma como os recursos hídricos têm sido gerenciados, o material também aponta os principais obstáculos que deverão ser enfrentados nos próximos anos.

O primeiro deles diz respeito à dependência hídrica dos setores agrícola e de energia. Além de serem os que mais contribuem com a economia do país, esses dois setores também são os maiores consumidores de água: 62% da energia do Brasil é gerada por usinas hidrelétricas, enquanto a irrigação usa mais de 70% da água disponível para consumo, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA).

Tamanha dependência significa que, em tempos de falta do recurso, a produtividade de diversos setores pode ser ameaçada. Crises hídricas como a que vem sendo enfrentada em São Paulo podem se repetir ao longo das próximas quatro décadas.

Outro ponto levantado pelo estudo é a degradação ambiental. Segundo o documento, pesquisadores encontraram efluentes industriais – incluindo metais pesados e hidrocarbonetos – nos cursos de água de diversas regiões metropolitanas. Isso significa que os rios circundantes de lugares como São Paulo e Recife não são mais seguros para fornecimento de água potável, forçando as cidades a obter água de poços ou bacias cada vez mais distantes.

O documento do Banco Mundial também chama a atenção para a desigualdade no acesso ao saneamento básico. Mesmo que o percentual de domicílios com um vaso sanitário ligado à rede de esgoto tenha aumentado 3% (período de 2004 a 2013) entre a população mais pobre, o acesso ainda é menor do que entre os mais ricos.

Para finalizar, o SCD acrescenta que a qualidade de vida dos brasileiros com pouco poder aquisitivo está fortemente relacionada com a gestão da água e que, portanto, as políticas de preservação são cada vez mais necessárias.